Analfabetismo crônico | Boqnews
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Opiniões

16 DE MAIO DE 2025

Analfabetismo crônico

Humberto Challoub

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Dados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) divulgados recentemente  confirmaram, mais uma vez, a preocupante realidade nacional: três em cada dez brasileiros com idade entre 15 e 64 anos não sabem ler e escrever ou sabem muito pouco a ponto de não conseguir compreender pequenas frases ou identificar números de telefones ou preços. São os chamados analfabetos funcionais, grupo que corresponde a 29% da população, o mesmo percentual registrado em 2018, comprovando que ocorreram poucos avanços no processo de alfabetização da população.

O quadro definido pelo Inaf se torna ainda mais preocupante entre os jovens, onde o analfabetismo funcional aumentou. Enquanto em 2018, 14% dos jovens de 15 a 29 anos estavam na condição de analfabetos funcionais, em 2024, esse índice subiu para 16%. Segundo os pesquisadores responsáveis pelo estudo, o aumento pode ter ocorrido por causa da pandemia, período em que as escolas fecharam e muitos jovens ficaram sem aulas.

O resultado remete à previsão de que o Brasil ainda levará algumas décadas para se livrar de um problema crônico que continuará condenando gerações às situações de exclusão e preconceito. A manutenção do analfabetismo em níveis não condizentes com uma nação que se almeja desenvolvida resulta do continuísmo de políticas educacionais ineficientes, sobretudo no Ensino Fundamental, que há muito carece de políticas contínuas para assegurar o acesso a todas as camadas da população.

Mais do que quitar uma dívida social, o investimento maciço em projetos dirigidos à educação de base denota como a única estratégia capaz de garantir um futuro de crescimento econômico sustentável por meio da formação de gerações preparadas para os novos desafios tecnológicos e dotadas com a capacidade de entender, cumprir deveres e exigir os plenos direitos de cidadania.

A negligência do Estado brasileiro já faz por exigir um maior envolvimento da sociedade civil, que deve também participar com propostas de aprimoramento das bases educacionais e contribuir com o acréscimo de investimentos privados para a ampliação da qualidade do ensino oferecido. São muitos os desafios impostos à tarefa de incutir novos conceitos às redes de ensino, uma vez que os avanços desejados necessitam ser alicerçados em ações duradouras, a partir da correção das muitas imperfeições constatadas no processo atual.

Apenas a cobrança da responsabilidade que cabe aos governos tem se revelado insuficiente para resolver um problema que, afinal, interessa a todos os brasileiros, sem distinção.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

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