Aumento inoportuno | Boqnews
Foto: Antonio Cruz/ABr Foro privilegiado

Opiniões

11 DE NOVEMBRO DE 2018

Aumento inoportuno

Por: Humberto Challoub

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Foro privilegiado

Aumento polêmico de 16% aos ministros do STF vai beneficiar outras categorias. Foto: Antonio Cruz/ABr

 

Votado ao crepúsculo de mais uma legislatura, o Senado prestou mais um desserviço à Nação ao aprovar aumento salarial de 16,38% para os ministros do Supremo Tribunal Federal, que terão seus proventos elevados dos atuais R$ 33,7 mil para R$ 39 mil a partir de 2019, caso o projeto seja sancionado pelo atual presidente Michel Temer.

A atitude dos senadores demonstrou, mais uma vez, a imensa distância que separa os interesses dos representantes políticos da sociedade brasileira.

De cunho corporativista, a decisão se revela inoportuna e demonstra total falta de sintonia com o atual momento econômico vivido no País e da urgente necessidade de redução do déficit fiscal nas contas públicas, visto que os salários do STF servem como parâmetro para fixar tetos salariais nos âmbitos estaduais e municipais.

Convém lembrar que os salários representam apenas uma parte do custeio destinado à manutenção dos nobres ministros do STF e parlamentares, que ainda têm à disposição verbas de representação, cobertura de despesas com moradia, transporte, vestuário e saúde.

São muitos custos e poucos benefícios, especialmente diante do cenário preconizado para o próximo exercício fiscal, da triste realidade enfrentada atualmente por milhões de desempregados e trabalhadores que percebem salário mínimo.

Utilizando subterfúgios para atender aos interesses de poucos, os congressistas não têm se dedicado à tarefa de promover as reformas que o País tanto espera e precisa.

Temas relevantes

Temas relevantes como o aperfeiçoamento do sistema previdenciário, a simplificação tributária, dirigida a tornar a arrecadação de impostos mais justa, e a reforma política voltada a consolidar e legitimar a participação dos partidos e representantes eleitos em uma democracia de fato, aguardam há tempos pela boa vontade dos deputados e senadores.

Diante desse cenário, não há como aceitar passivamente a repetição de práticas oportunistas, que servem para macular e ampliar ainda mais o descrédito da população em relação à classe política.

Se, no passado, o Estado brasileiro revelou-se imprescindível para alicerçar bases sólidas e estruturais à economia, hoje ele representa um fardo para a sociedade, obrigada a arcar com muitos tributos para sustentar o peso da máquina pública.

É de se esperar que o atual presidente Michel Temer (MDB) demonstre sensibilidade e produza um ato de grandeza ao final de seu exercício no cargo vetando o aumento para que assim a nova legislatura possa decidir sobre a política de gastos públicos com o novo Governo que se inicia.

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