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26 DE MAIO DE 2015

Auscutar ou escutar?

Por: admin

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O relacionamento entre pessoas é um dos aspectos mais complexos e desafiantes da vida. A intenção deste artigo é analisar as peculiaridades relativas à convivência entre o médico e seus pacientes.

Três características dificultam a necessária integração que o médico precisa ter com seus pacientes.
A evolução da tecnologia médica que incentiva o profissional a solicitar exames, muitas vezes desnecessários, sem antes utilizar com eficácia o processo da anamnese, ou seja, tentar identificar a doença pelos sintomas dos doentes.

A tecnologia da informação que orienta o registro digital dos dados relativos à doença e à prescrição médica, estimulando o profissional a dedicar seu tempo ao terminal em lugar de dar a devida atenção ao paciente.

A pressão sobre o médico definida pela duração obrigatória de cada consulta, muitas vezes, inferior a 15 minutos. Este tempo não leva em consideração as perguntas sobre os sintomas e nem as informações críticas que devem ser prestadas ao paciente.

É impossível o relacionamento harmonioso sem a comunicação adequada. Em muitas ocasiões, o profissional da área médica não tem o mínimo interesse em se fazer entender por aquele que está a sua frente. Por que se preocupar em perceber o estado de ânimo do paciente olhando no seu rosto? Por que tentar ser empático, colocando-se no lugar do doente para identificar as razões dele estar apavorado ou até mesmo com medo de morrer? Muitos profissionais da saúde acreditam que sua razão de existir não tem nada a ver com as respostas a essas perguntas.

O que interessa é focar a doença e não cuidar da pessoa? De forma alguma! O médico muitas vezes se irrita com aquele ser à sua frente que ousa atrapalhar seus procedimentos técnicos com perguntas idiotas! Ele não tem tempo a perder! Não pode ficar conversando com o paciente! Tem muitos ainda para atender até o final do plantão…

O ser humano adquire hábitos de acordo com suas formas de pensar e agir. O profissional da área da médica precisa lutar constantemente contra o hábito que faz com que ele se acostume em considerar as doenças, mesmo as mais graves, como algo natural e facilmente aceitável. Para ele pode ser, mas para os seus pacientes nunca será!

Como tudo na vida o problema de comunicação não se concentra somente no “que é dito”,mas principalmente “como é transmitido”. O olhar nos olhos do paciente, a expressão facial de compreensão, o tom calmo e não agressivo ou arrogante da voz, o controle da ansiedade, o toque físico suave e a baixa velocidade da fala, são comportamentos imprescindíveis para consolidar a conexão positiva do médico com seus pacientes.
Auscultar o coração e os pulmões é importante, mas não suficiente. Que tal escutar também a pessoa dona desses órgãos respeitando sua dignidade com atenção e afeto?

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