Bolsa que alimenta | Boqnews

Opiniões

29 DE AGOSTO DE 2013

Bolsa que alimenta

Por: Fernando De Maria

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}
Muitos poderão torcer o nariz por gastar dinheiro público em algo que podem considerar como desnecessário. Outros criticam por achar que é clientelismo e moeda de troca eleitoral. Enfim, o Bolsa-Família é uma realidade e será tema de discussões na campanha eleitoral.
Apesar dos problemas apontados na Imprensa, como a existência de beneficiários fantasmas, na prática o projeto tem seus méritos. Estimam-se que 13,6 milhões de famílias recebam um incremento em seus parcos recursos a partir de R$ 70 para que possam sair da linha da extrema miséria. Parece pouco, mas os resultados têm sido interessantes. Se não resolve tudo, pelo menos permite minimizar  as dificuldades para milhares de pessoas.
Dois estudos mostram os efeitos do Bolsa-Família. Levantamento desenvolvido pelo Instituto de Saúde Coletiva, da Universidade Federal da Bahia, mostrou que o projeto reduziu em 17% a mortalidade de crianças menores de  cinco anos, entre 2004 e 2009, em cidades brasileiras com maior cobertura do programa de transferência de renda do Governo Federal. Foram analisados dados referentes à mortalidade infantil em 2.853 locais, mais da metade dos municípios brasileiros. Um dos motivos da queda decorre da diminuição do número de crianças que morrem por diarreia e desnutrição infantil no País.
Outro estudo vem da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), com base na tese de doutorado da nutricionista Ana Paula Bortoletto Martins. Ela constatou que as famílias brasileiras de baixa renda beneficiadas pelo Bolsa Família gastam mais com alimentos saudáveis em relação as que não recebem o dinheiro. Para o levantamento, foram identificadas 11.236 famílias com renda per capita inferior a R$ 210 por mês. Destas, 48,5% recebiam o Bolsa Família.
Verificou-se que aumentou neste grupo o consumo de alimentos in natura e pouco processados como carnes frescas, legumes, hortaliças e raízes. Ou seja, conforme o estudo, os poucos recursos extras recebidos foram destinados à alimentação, eliminando um mito de que boa parte do dinheiro destinaria-se à aquisição de supérfluos ou para alimentar vícios, como cigarros e cachaça.
Engana-se, porém, que o Bolsa-Família é algo restrito ao Nordeste. Na Baixada Santista, 69.417 pessoas recebem o benefício, equivalente a 4% dos moradores. O contingente supera a população de cidades como Bertioga ou Mongaguá. Proporcionalmente, Mongaguá, Itanhaém e Guarujá contam com o maior número de beneficiários na região. Em números absolutos, 27% do total dos atendidos na Baixada moram em Guarujá (18.809 pessoas).
Não bastasse, o Bolsa-Família também ajuda a movimentar a economia das cidades. Nos sete primeiros meses do ano, o Governo Federal destinou R$ 58 milhões 417 mil para tais pagamentos apenas na região. Em Cubatão, a verba do Bolsa-Família foi de 18,49% de tudo o que o Governo Federal repassou ao município este ano (até julho). 
Este dinheiro circulou na quitanda, no mercadinho do bairro, enfim, no pequeno comerciante, que por sua vez comprou produtos em estabelecimentos maiores para atender a demanda, estimulando a economia local. Outro efeito positivo nem sempre mensurado e destacado nos noticiários.

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.