As sucessivas suspensões de compra de produtos pecuários brasileiros pela China e a resistência da Europa em aceitar uma maior participação do País no mercado agrícola formado por nações daquele bloco evidencia a necessidade de o Brasil estabelecer novas fronteiras para ampliar os resultados positivos de sua balança comercial.
O crescimento verificado nos investimentos produtivos e a pequena ampliação dos níveis de consumo interno ocorrido nas últimas décadas ainda são insipientes para garantir a imunidade do Brasil em relação ao resto do mundo, com impactos gerados pelo mercado externo com reflexos nos preços a partir das variações nas ofertas de demanda e cambiais.
Mesmo reconhecendo o esforço das autoridades brasileiras em amenizar as preocupações sobre um eventual desarranjo do mercado nacional, não há como garantir que o País fique incólume diante da gravidade configurada no cenário internacional, agora expressa pela elevação dos preços do petróleo e, por consequência, dos combustíveis.
Assim, mais do que nunca, torna-se imprescindível adotar medidas preventivas para amenizar os efeitos restritivos que, em médio e longo prazos, acabam por afetar a cadeia produtiva brasileira.
A expressiva diminuição dos recursos disponíveis para atender linhas de crédito, o aumento dos níveis de endividamento da população e a propagação de um surto de desconfiança em relação aos movimentos políticos-eleitorais, também são fatores que deverão afetar o ambiente interno de negócios, que pode se agravar ainda mais com a desaceleração da economia das grandes potenciais, principais clientes das matérias-primas e insumos básicos oferecidos por países emergentes como o Brasil.
O mundo que se preconiza globalizado está aberto às oportunidades e impõem novos sistemas de integração comercial entre as nações, alicerçados na ideia de que, ao invés de gerar danos ambientais e distribuir prejuízos da especulação financeira, são as riquezas produzidas pelo trabalho sustentável que devem ser compartilhadas em benefício de todos.
Os entraves criados para uma maior participação brasileira no comércio global serve como alerta para a necessidade de o País estabelecer novas rotas de comércio para reduzir, de forma gradativa e contínua, a indesejável dependência com esses mercados.
Da mesma forma, o momento impõe a necessidade de se promover ações mais eficazes visando fortalecer o mercado consumidor interno e assegurar o acesso aos produtos nacionais, com a possibilidade de manter e criar novas de vagas de emprego em território nacional.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação.