Cessar a tragédia cotidiana | Boqnews

Opiniões

03 DE FEVEREIRO DE 2020

Cessar a tragédia cotidiana

Por: Humberto Challoub

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A repetição sistemática de episódios protagonizados pela violência urbana nos morros do Rio de Janeiro, resultando em trágicas mortes de crianças inocentes, tem demonstrado, de forma inequívoca e cruel, a incapacidade das autoridades públicas em contrapor o atual domínio exercido pela criminalidade junto às comunidades residentes naquelas localidades. Favorecidos por décadas de negligência dos poderes constituídos, o crime encontrou nas favelas campo fértil para prosperar e criar métodos sofisticados de enfrentamento às incursões policiais. Utilizando armamentos com tecnologia militar de última geração, contrabandeados com facilidade de vários países fornecedores, os traficantes desenvolveram estratégias comparadas às praticadas nas praças de guerra, vitimando inocentes e condenando às famílias ao cotidiano de medo e submissão.

As causas para a expansão da criminalidade já são por demais conhecidos. O crescimento do consumo de drogas, financiado pelos segmentos sociais abastados; a ausência de políticas sociais para atender as demandas das populações menos favorecidas; o despreparo das forças policiais, depreciadas pela corrupção; a observância de legislações penais ultrapassadas; e a degeneração do sistema carcerário são apenas algumas das variáveis que tornaram o problema da violência urbana complexo e de difícil solução em curto e médio prazos.

Dessa forma, não é possível mais aceitar que uma questão de tamanha relevância seja tratada apenas em âmbito local, especialmente agora em que o País tenta se tornar mais evidente aos olhos do mundo visando estimular a indústria do turismo. Nesse sentido, faz-se necessário o implemento de uma política nacional de combate às quadrilhas instaladas nas favelas cariocas e em tantas outras localidades brasileiras que sofrem com problemática idêntica. Os muitos equívocos cometidos no passado atestam a incompetência das gestões estaduais e municipais no enfrentamento da violência, visto que até agora as medidas adotadas revelaram-se paliativas e de pouco efeito coercitivo.

A sociedade brasileira mais do que nunca quer a paz, a recuperação dos valores morais e de convívio harmonioso, traço cultural que sempre identificou e notabilizou o País entre o conjunto das nações. Por isso, é necessário que o Governo Federal a lidere a execução de um plano prioritário de mobilização, a partir da integração dos diversos segmentos envolvidos na questão, afim de produzir políticas eficazes e perenes de combate ao crime organizado. Mais do que assegurar a paz às comunidades, coibir a expansão do crime representa a imposição do desejo de se preservar o estado de direito e a garantia de liberdade e cidadania às atuais e futuras gerações.

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