Chumbo trocado

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A contar pelo tom das campanhas eleitorais no rádio e na TV, tudo indica que até o fim do período reservado à propaganda gratuita a retórica dos candidatos deverá ir muito além da apresentação de propostas e ideias.

A cordialidade vista até aqui deverá ser substituída por denúncias e acusações, fazendo valer a famosa máxima de que em uma eleição “chumbo trocado não dói”. Restará saber qual a reação do eleitorado, um mistério que somente as urnas poderão desvendar.

E a internet tem sido campo fértil para ataques a candidatos. A mais nova incursão nesse campo aparece em um perfil falso no Facebook, envolvendo o ator santista Nuno Leal Maia. Na página, enquanto um candidato é elogiado, outro é depreciado. 

Já está virando rotina. Candidatos a prefeito de cidades da região bem colocados nas pesquisas eleitorais publicadas recentemente estão declinando de participar de debates com outros pleiteantes, especialmente na TV. Infelizmente, quem perde com isso são os eleitores, privados de conhecer melhor as propostas para suas cidades.

Em relação aos debates também estão ocorrendo situações inversas, ou seja, instituições de ensino e entidades estão optando em convidar apenas os candidatos melhor situados nas pesquisas, o que restringe a participação democrático de todos os pleiteantes. 

A segunda parcial de prestação de contas dos prefeituráveis santistas, disponibilizada no site oficial do TSE, evidencia a dificuldade que os candidatos estão tendo para angariar fundos para as suas respectivas campanhas.

Até o momento, as arrecadações estão muito aquém das previsões de gastos informadas pelos candidatos. Prof. Fabião, do PSB, que previu o valor mais elevado para os gastos de sua campanha (R$ 5 milhões), arrecadou até agora apenas R$ 89 mil. Aquino, do PMDB, com previsão de gastos de até R$ 4 milhões, obteve até o momento R$ 643 mil.

Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), Telma de Souza (PT) e Beto Mansur (PP), com estimativas de gastos de R$ 3 milhões cada, conseguiram até agora, respectivamente, R$ 354 mil,  R$ 466 mil e R$ 227 mil. Jama, do PRTB, que previu gastar até R$ 200 mil, arrecadou modestos R$ 750,00.

Luiz Xavier, do PSTU, arrecadou R$ 1.700,00 dos R$ 30 mil estipulados como teto dos gastos, enquanto Eneida Koury, do PSOL, conseguiu somente R$ 4 mil dos R$ 100 mil estimados. Em pior situação aparece o candidato do PSL,  Nelson Rodrigues, que apesar de ter previsto gastos de até R$ 500 mil, até o momento não pode contar com um único centavo doado de algum fiel eleitor. 

Ao contrário de pleitos passados, o voto na legenda partidária, que em muitos casos era responsável em garantir o coeficiente eleitoral na eleição proporcional, este ano não deverá congregar tantos adeptos. Isso pelo menos é o que tem indicado as pesquisas feitas para medir a intenção de voto para a escolha dos vereadores. 

Essa tendência do eleitorado está deixando muita gente de cabelo em pé, especialmente agremiações tradicionais como o PT, PMDB e PSDB, que sempre contaram com votos de legenda para contribuir com a eleição de seus candidatos.

Feliz com o resultado das pesquisas, que o colocam na liderança da corrida à Câmara de Santos, o vereador Antonio Carlos Banha Joquim (PMDB), candidato à reeleição, tem destacado em sua campanha o apoio recebido do prefeito Papa, que inclusive fez questão de figurar ao lado de Banha conduzindo triciclo com a propaganda no qual os dois aparecem juntos.

Mesmo tendo abdicado de concorrer à mais uma reeleição, a vereadora Cassandra Maroni Nunes (PT) está empenhada em ceder sua cadeira na Câmara de Santos ao jovem candidato petista, arquiteto Rafael Ambrosio. Além de figurar com sua imagem no material publicitário do candidato, Cassandra tem se esforçado em apresentá-lo como um nome que irá dar sequência ao seu trabalho no Legislativo santista.

que mais uma vez os famosos dossiês contendo informações desabonadoras dos candidatos serão transformados nos principais atrativos das campanhas eleitorais?