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Opiniões

22 DE MARÇO DE 2020

Coluna Giro, com Denise Covas

Por: Da Redação

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” Caminhando e cantando e seguindo a canção/ Somos todos iguais braços dados ou não/ Nas escolas nas ruas campos construções…”

Pra não dizer que não falei das flores
Geraldo Vandré

Mundo Impactado

Fiquei pensando no que escrever, já que as redes sociais, TVs, a todo instante atualizam informações sobre essa avalanche que ainda não sabemos para onde nos levará e se conseguiremos nos salvar.

Resolvi contar a minha própria vivência em tempos de coronavírus. Estou em casa desde segunda-feira conforme se pede, sem ter ido sequer à esquina. Dispensei, inicialmente por 15 dias, a funcionária aqui de casa para que ela possa cumprir seu isolamento e cuidar dos seus filhos, assim como nós, evitando que a curva do crescimento de infectados seja mais rápida, dando tempo para que o sistema de saúde não entre num colapso ainda maior. Tenho minha mãe de 88 anos comigo, o que requer ainda mais todos esses cuidados. Tem meu marido que vem tomando todos os cuidados também. Minha filha mora em São Paulo e também está em home office. Estamos todos iguais.

Bem, vou me ater mais ao setor cultural no qual também faço parte e que será um dos mais impactados economicamente. Difícil ter telentrega de cultura, com algumas exceções (livros, CDs), e streaming, onde as pessoas podem consumir música e conteúdo audiovisual em casa. É um setor que depende quase que exclusivamente do público, como museus, teatros, cinemas, casas de shows, festivais, bares com música ao vivo, entre tantas outras atrações – e que pode significar a falência de empresas, além dos milhares de artistas independentes que não podem mais, por exemplo, tocar num barzinho, muitas vezes sua principal fonte de renda.

Acredito que todos vão ter mais uma vez que serem ainda mais criativos e talentosos. Mas, não é de uma hora pra outra que novos modelos de negócios passam a ser monetizados. Um músico que grave ou faça uma live, como poderá ganhar seu “cachê”? Essas plataformas vão crescer, mas e os artistas? Falta uma regulação mais clara para esses setores, e esse momento pode dar urgência a isso. Centenas de milhares de artistas são responsáveis por todos nós podermos, no isolamento, assistir a filmes, séries, ouvir música, ler.

Um setor em queda desde o segundo governo Dilma, do Temer, e piorando muito nesse atual, que elegeu a cultura inimiga colocando-a numa disputa ideológica. Ninguém tem uma cultura tão rica como a do Brasil e os governos têm que olhar para isso, para um mercado mundial. Na Inglaterra temos Arts Concil (recursos da loteria), correspondente ao ministério da cultura inglesa, que vai continuar transferindo fundos para projetos culturais, desde que continuem empregando os free lancers que atendam o setor cultural, independente de estarem executando ou não as atividades publicamente por estarem impedidos. Nós aqui, temos FNC, Fundo Nacional de Cultura, com recursos das loterias, que atendia os pequenos, e não o mecenato da Rouanet. A redução para R$1 milhão para os projetos captarem via Rouanet em nada melhora para os pequenos, e sim o FNC.

Isso que eles agora também são liderados pelos liberais. No entanto, sabem que a cultura, além da função essencial de produção de valor social e criativo tem uma importância gigantesca na economia representando 3,9% do PIB de São Paulo. Por aqui, ainda não vi nada do governo federal. Alguns governos já estão tomando medidas para minimizar os prejuízos desse setor. Em Santos, a Secretaria de Cultura, sob o comando de Rafael Leal, lançará nos próximos dias um edital com conteúdo online para o setor. É o Poder Público cumprindo seu papel. O recado que gostaria de passar é que profissionais de muitos setores serão penalizados, mas os governos têm que considerar que os artistas e instituições ligadas à Cultura criam, produzem, atuam, compõem, cantam, tocam, dançam – mas também comem, pagam aluguel e escola de filho e, portanto, igualmente fazem parte da economia.

O que fazer em casa…

Livros

Super indico esses livros. O livro da Michelle Obama apresenta uma mulher extraordinária, onde ela conta desde a forma como foi criada e educada até o namoro, casamento, filhas e seu extraordinário papel como primeira dama dos Estados Unidos. No livro de Anita Prestes, filha de Prestes e Olga, sua incrível trajetória de perseguições, começando pelo seu nascimento numa prisão nazista. Os outros livros que indico são de reflexões e dados sobre o século XXI!!

 

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