Consequências desmedidas | Boqnews
Foto: Marcos Corrêa/PR consequências ministros bolsonaro

Opiniões

23 DE MARÇO DE 2020

Consequências desmedidas

Por: Humberto Challoub

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Mais do que os conhecidos reflexos produzidos na área da saúde, a expansão geométrica do coronavírus, que agora ganha mais intensidade no País, traz consequências imprevisíveis motivadas pelas mudanças obrigatórias na rotina das atividades econômicas e sociais. Escolas com aulas interrompidas, adiamento de eventos culturais e esportivos, desestímulo à frequência a estabelecimentos comerciais: a necessidade de prevenção ao crescimento exponencial da doença resulta em incertezas para boa parte da população, especialmente para quem depende de merendas escolares para complementar a alimentação dos filhos, da realização de serviços esporádicos ou são proprietários de pequenos comércios e sobrevivem com dificuldades utilizando as parcas receitas obtidas no dia a dia de funcionamento do seu negócio.

Lamenta-se, portanto, que diante de um quadro de tamanha gravidade o presidente da República, Jair Bolsonaro, atue com irresponsabilidade demonstrando desdém para as consequências da pandemia, com desnecessária exposição pública contrariando as orientações e formas de se evitar o contágio. Como se isso não bastasse, faz uso habitual da ironia para desqualificar os perigos oferecidos pela doença que se espalhou pelo mundo.

Diante desse cenário patético protagonizado pelo líder maior da Nação, chega-se a se desconfiar das verdadeiras intenções do ministro da Economia, Paulo Guedes, que durante a semana anunciou a pretensão do governo de injetar até R$ 147,3 bilhões na economia nos próximos três meses, para amenizar o impacto do coronavírus sobre a economia e o sistema de saúde. Serão cerca de R$ 83,4 bilhões aplicados em ações para a população mais vulnerável, até R$ 59,4 bilhões para a manutenção de empregos e R$ 4,5 bilhões para o combate direto ao avanço do vírus.

Mesmo que louvável se efetivada nos moldes preconizados pelo ministro, a injeção de recursos por certo não será suficiente para amenizar os prejuízos e as incertezas geradas pelo período a ser estabelecido para a interrupção das atividades, exigindo dos governos e lideranças públicas posicionamentos e ações mais efetivas visando salvaguardar a saúde e os direitos fundamentais da população, sobretudo dos mais humildes que não contam com recursos sobressalentes para suprir necessidades básicas. Assim, é de se esperar que novas medidas extraordinárias sejam adotadas a fim de assegurar a contenção das mortes provocadas pela doença e também o agravamento de uma crise econômica que pode se tornar ainda mais letal.

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