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Opiniões

14 DE MAIO DE 2010

Consertando erros do passado

Por: Fernando De Maria

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Construídas ao longo das últimas décadas, as favelas que se espalham pela região são fruto do descaso de autoridades e dos interesses econômicos que marcaram o crescimento da Baixada Santista. Ao longo das últimas décadas, as cidades do litoral paulista foram vistas como um novo eldorado, atraindo pessoas de todo o País. Porém, o ônus desta ocupação desenfreada é visível.
A vinda de empresas para Cubatão, a construção da Rodovia dos Imigrantes e a expansão do Porto contribuíram para atrair migrantes em busca de empregos e oportunidades. Muitos conseguiram se estabelecer e fincaram raízes sólidas. Outros, porém, não tiveram a mesma sorte e construíram suas casas sobre os mangues e áreas de risco.
Com aval do Poder Público e dos políticos mais interessados em criar seus currais eleitorais, várias destas áreas foram semi-urbanizadas, um paliativo para enfrentar o verdadeiro problema social que se escondia nos barracos espalhados pelos manguezais e terrenos invadidos, panorama com alto risco de combustão.
Na última segunda (10), um novo incêndio atingiu 441 pessoas residindo em 125 barracos da Vila Telma, núcleo popular nascido no final dos anos 80/início dos 90, período, aliás, marcado por invasões ocorridas em vários pontos da Cidade.  Como repórter, recordo-me de ter acompanhado a invasão de áreas como o Morro Santa Maria, Vila Pantanal e Lixão da Alemoa, decorrente da onda vermelha ideológica reinante, cujas consequências sociais estão aí até hoje.
Na realidade, o incêndio é apenas uma tragédia anunciada (que, por sorte, não teve vítimas fatais), pois Santos, apesar de ostentar o título de uma das melhores cidades para se viver no País, abriga algo em torno de 10% da população (40 mil pessoas), residindo em sub-habitações, seja em cortiços ou favelas. Saliente-se que a favelização é pior nos municípios vizinhos. Guarujá lidera, com folga, o volume de favelas, seguida por São Vicente, Praia Grande e Cubatão.
Dados da Fundação Seade sobre a Pesquisa de Condições de Vida (2006) mostram que a Baixada Santista, assim como a Grande São Paulo, tem 11% de sua população morando em favelas, o maior percentual estadual.
No caso da Vila Telma, o desafio é solucionar o déficit habitacional que se arrasta há décadas em razão de populismo exarcebado e da falta de investimentos e interesse de todas as esferas públicas (União, Estado e municípios) ao longo deste período. Mas, há luz no fim do túnel.
O prefeito João Paulo Papa aposta no projeto já aprovado do Santos Novos Tempos, que prevê R$ 280 milhões para habitações populares, o maior volume investido neste setor na Cidade. A questão é conciliar a vontade de resolver a situação em um curto espaço de tempo em razão da necessidade social com a burocracia de praxe e os tradicionais questionamentos ambientais, fatores que demoram até chegar à  solução. Sem dúvida, uma herança negativa  nascida  no passado, mas que precisa ser equacionada no presente.

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