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Opiniões

26 DE AGOSTO DE 2011

Contar histórias

Por: Fernando De Maria

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A função do repórter é contar histórias. Algo tão simples e ao mesmo tempo tão complexo que nem sempre é compreendido e realizado por aqueles que optam pela profissão. Alguns têm um dom de relatar com a maior veracidade possível aquilo que realmente ocorreu. Outros, desvirtuam-se da realidade e relatam apenas o ângulo que lhes interessa. Infelizmente, como em qualquer área de atuação, existem ou bons e maus profissionais também na Imprensa.


José Hamilton Ribeiro, por exemplo, faz parte do primeiro time. O Príncipe dos Repórteres ou o Rosto do Jornalismo Brasileiro como bem definiu a revista Ícaro completa na segunda (29) 76 anos de vida e mais de 50 anos dedicados ao Jornalismo e à arte de contar histórias. E elas não faltam: desde o período que trabalhou na revista Realidade, da Editora Abril, aos dias atuais no Globo Rural, da TV Globo. O Youtube, site de vídeos na Internet, dispõe de uma série delas que merecem ser conferidas.


Para um público, infelizmente, reduzido, formado principalmente por jornalistas e estudantes de Jornalismo, Ribeiro falou na quinta-feira à noite (25) sobre este ofício que poucos conseguem relatar com tanta facilidade, durante a 3ª Tarrafa Literária, que acontece até domingo (confira a programação em www.tarrafaliteraria.com.br) no Teatro Guarany.


Ao lado de José Carlos Marão, companheiro da revista Realidade, e mediado pelo competente Jorge Oliveira, Ribeiro contou passagens de uma das principais e mais marcantes revistas brasileiras, símbolo da reportagem e do Novo Jornalismo  nacional (com estilo mais literário, mas nem os próprios repórteres sabiam disso na ocasião), iniciada em 1966 e encerrada uma década depois.


Ribeiro sabe contar histórias de quem vive o Jornalismo na sua essência e filosofia, relatando episódios diversos e, em especial, da sua cobertura na Guerra do Vietnã em 1968, fato que o marcou para sempre em razão do trágico acidente sofrido horas antes do seu embarque para o Brasil  após ter pisado em uma mina terrestre que dilacerou parte de sua perna. Ele, que foi à guerra para contar histórias e a tragédia do povo vietnamita, acabou se tornando o personagem da capa da revista em uma das imagens mais marcantes da Imprensa.


Hoje, a reportagem em si está em baixa. Por questões que vão desde o desinteresse à falta de recursos para pagar as despesas para elaborá-las (em alguns casos, elas demoravam até três anos para serem concluídas). A velocidade com que os fatos ocorrem hoje e a multiplicidade dos meios de comunicação existentes levam à fragmentaçãoda notícia. Assim, há a sensação de sermos bombardeados com o excesso de informação, mas de forma superficial. Por isso, é sempre bom ouvir histórias de quem sabe contá-las tão bem, como José Hamilton Ribeiro.

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