Crescimento da intolerância | Boqnews

Opiniões

18 DE JULHO DE 2022

Crescimento da intolerância

Por: Humberto Challoub

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

O episódio que culminou com a trágica morte de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), após discussão motivada por preferências políticas, soma-se a outros fatos e ocorrências que revela a crescente onda de atos violentos derivados da intolerância resultante da polarização estabelecida no debate eleitoral, especialmente na disputa pela Presidência da República.

Estimuladas e propagadas pelas redes sociais, as reações e o não aceite a posições contraditórias ganharam dimensões nunca vistas e agora chegam às ruas e ao cotidiano configuradas pelas ofensas morais, pela difamação e, o que pior, pela violência física com consequências imprevisíveis.

Por mais que se queira diminuir a dimensão dos riscos gerados pelo fanatismo e radicalismo crescentes, torna-se necessário mobilizar esforços para evitar a repetição de atos dessa natureza, por meio da atuação policial preventiva e, especialmente, pelo engajamento dos partidos, candidatos e meios de comunicação na valorização das práticas democráticas, que pressupõe o respeito às divergências de ideias e de opinião.

Discursos que estimulam o ódio e atos antidemocráticos devem ser condenados com rigor e veemência.

Apesar das imperfeições do sistema vigente – e o conceito pejorativo que forja a imagem da prática eleitoral -, ainda é o exercício do voto livre e democrático o principal instrumento de transformação de uma sociedade que busca justiça social e prosperidade.

Por isso, seu valor não pode ser diminuído ou desprezado, mesmo que se condene muitos daqueles que fazem mau uso dos seus conceitos e princípios.

O amadurecimento do regime democrático, a partir da redemocratização do País, propiciou valiosa experiência aos eleitores, porém ainda não propiciou o entendimento de que o respeito à vontade da maioria não significa o total desprezo à ideologia das minorias.

Também já se sabe que as melhorias desejadas para a sociedade brasileira não ocorrerão pela força de milagreiros ou pelas mãos dos arautos de ideias fáceis promovidas pelo marketing eleitoral.

Portanto, mais do que estimular a presença do eleitor nas urnas, é de se esperar que a escolha de seus representantes se dê de forma serena e civilizada, com o entendimento de que o processo eleitoral não abriga inimigos nem donos da verdade, mas apenas ideários divergentes e diferentes formas de se atingir os mesmos objetivos.

Mais do que nunca o País necessita de um ambiente de paz para solucionar os graves problemas que afetam a população, sejam quais forem os resultados a serem abstraídos do pleito eleitoral.


Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.