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Opiniões

13 DE MARÇO DE 2015

Democracia antes de tudo

Por: Humberto Challoub

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Agendadas para este domingo (15), as manifestações públicas convocadas para acontecer nas principais cidades brasileiras com o objetivo de ressaltar a insatisfação popular com o atual momento político e econômico vivido pelo País irão dimensionar o grau de repulsa contra os desmandos e os inúmeros casos de corrupção que envolvem integrantes do Governo Federal e parlamentares. Legítimo sob a ótica dos regimes democráticos, a livre manifestação é um direito irrefutável, porém não pode deixar de prescindir práticas cidadãs e de profundo respeito ao contraditório, onde o direito à livre expressão e à vontade individual devem ser respeitados na sua integridade, mesmo que contrários à vontade das maiorias.

Nesse sentido, mais do que nunca, o momento requer parcimônia e o entendimento de que a manutenção do regime democrático só é sustentável dentro de um ambiente de transparência e legalidade, com o fiel cumprimento das etapas que assegurem o direito à denúncia de infratores e ampla defesa aos acusados. Assim, a incitação que visa promover a ideia de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), não merece ser compartilhada por representar um ato de arbitrariedade em um contexto que ainda não reúne provas cabais suficientes para comprovar sua efetiva participação em atos ilícitos de improbidade.

É preciso, portanto, conduzir as manifestações com a percepção de que a insatisfação com os rumos impostos pela sua administração podem e deverm ser alterados a partir do sentimento popular, contudo não devem estar a serviço de baderneiros ou oportunistas políticos, que apostam no caos para ressaltar virtudes que não têm.
Apesar das imperfeições do sistema democrático vigente – e o conceito pejorativo que forja a imagem da prática eleitoral -, ainda é o exercício do voto livre e democrático o principal instrumento de transformação de uma sociedade que busca justiça social e prosperidade. Por isso, seu valor não pode ser diminuído ou desprezado, mesmo que se condene seu desvirtuamento.

Mais uma vez comprova-se que a participação do eleitor no processo de escolha e fiscalização do trabalho desenvolvido pelas administrações públicas reveste-se de extrema importância, porque representa uma das poucas medidas capazes de impedir a continuidade de atos lesivos ao erário. Além de exigir o cumprimento de leis e normas, devemos cobrar com vigor a prática cotidiana da ética, honestidade e caráter dos escolhidos para nos representar, seja no condomínio onde moramos ou nos palácios de Brasília. Fiscalizar os atos e ações dos mandatários eleitos representa, juntamente com o exercício do voto, a única fórmula realmente capaz de moralizar, de forma eficaz e perene, o atual regime político institucional.

 

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