Demografia repensada | Boqnews

Opiniões

07 DE MAIO DE 2010

Demografia repensada

Por: Fernando De Maria

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Em razão de suas características peculiares, Santos está prestes a se tornar um dos primeiros municípios brasileiros, com mais de 300 mil habitantes, a ter uma população acima de 60 anos superior aos menores de 14 anos.
O fenômeno, que só ocorrerá em 2025 no Estado de São Paulo, acontecerá em 2013, quando a Cidade ultrapassará em quase mil pessoas na comparação de ambas as faixas etárias. A constatação faz parte de levantamento realizado pela Fundação Seade e objeto de reportagem na última edição do Boqueirão.
A questão central é clara: a Cidade está preparada para lidar com esta realidade? Afinal, com o aumento da expectativa de vida e a diminuição no número de filhos entre casais, Santos enfrenta a mesma realidade que países europeus, onde a base de crianças e jovens é bem inferior a de idosos.
A constatação que se faz é que faltam locais apropriados em quantidade suficiente  para atender a demanda crescente de pessoas que necessitam de  atendimento especializado.
Hoje, conforme estimativas da Fundação Seade, a Cidade tem 37.560 moradores acima dos 70 anos, quando a atenção passa a ser maior, equivalente a 8,7% do total da população. Dentro de uma década, eles representarão 10,4% dos santistas, um universo de 45.731 pessoas.
Diante da perspectiva apresentada, hoje é mais viável abrir uma clínica ou residência geriátrica que uma escola no Município, em razão das mudanças demográficas. Em 2009, cinco novos espaços para acolhimento de idosos foram abertos, totalizando 25 locais existentes, entre clínicas particulares e filantrópicas.
Enquanto isto, dez novas escolas, de educação infantil ao fundamental, foram inauguradas  no mesmo período, totalizando 230 instituições particulares apenas para atender as primeiras faixas etárias da vida. Não bastasse, a rede pública de ensino mantém uma ampla oferta de vagas. Neste ritmo, instituições fecharão as portas ou serão vendidas à Municipalidade, como já ocorrera com as tradicionais escolas Marista e Americana.
Cabe ao Poder Público planejar as estratégias para antever os impactos desta realidade. O próprio secretário de Assistência Social, Carlos Teixeira Filho, reconhece que hoje há demanda reprimida para idosos conseguirem vagas em entidades filantrópicas conveniadas com a Prefeitura. Pelos cálculos, são 130 vagas, além das três repúblicas de idosos mantidas pela Prefeitura, que atendem a 38 pessoas. A alternativa são as clínicas particulares, cujos gastos são elevados e impeditivos para boa parte das famílias.
O dilema a ser enfrentado pelos prefeitos santistas será lidar com a obrigatoriedade em investir 30% do orçamento na Educação, sabendo que, aos poucos, as escolas irão perder alunos, enquanto no outro extremo social, haverá a necessidade cada vez maior de oferecer condições à esta faixa da população, especialmente ao idoso carente, que merece viver com dignidadade na reta final de sua trajetória.

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