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24 DE SETEMBRO DE 2022

Depreciação política

Por: Humberto Challoub

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A poucos dias do primeiro turno das eleições gerais, o processo eleitoral em curso atestou, mais uma vez, as distorções existentes no cenário político do País, especialmente quando analisadas a formação das correntes estabelecidas em torno das principais candidaturas.

Ao sabor dos interesses pessoais e regionais, despertados principalmente a partir do estabelecimento prévio de contrapartidas vantajosas e promessas de benesses futuras na administração pública, os acordos estabelecidos reúnem em um mesmo balaio posições híbridas e antagonismos históricos de lideranças políticas que jamais se poderia imaginar estar ocupando, de braços dados, espaço em um mesmo palanque.

O oportunismo político, explicitado em todas as suas nuances, torna praticamente nulo os conteúdos dos pseudos programas de governo apresentados pelos candidatos, propostas que revelam-se apenas como termos de intenção adaptados aos interesses prementes dos eleitores.

A dualidade revelada por importantes representantes de partidos tradicionais, que aderiram candidaturas na medida e proporção de seus interesses, é uma demonstração inequívoca do desprezo aos princípios éticos e ideológicos que, na teoria, deveriam nortear a atividade política.

Sem parâmetros e limites para referenciar uma conduta coerente com os preceitos da vida pública, os integrantes das legendas partidárias agem ao bel-prazer, convencionando seus interesses ao imediatismo das oportunidades oferecidas pelas possibilidade de vitória nas urnas.

A excessiva personificação das candidaturas, como se vê no momento, favoreceu o surgimento de falsas lideranças e concentrou nas mãos de poucos as decisões de relevância para a sociedade, subtraindo assim a possibilidade de participação organizada das comunidades interessadas em contribuir para a implementação de projetos dirigidos à melhoria das condições de vida da população.

Cabe ao eleitor o entendimento de que o exercício de cidadania sobrepõe o simples ato de comparecimento às urnas. O papel de agente participativo e fiscalizador deve ser cumprido de forma contínua, afim de interromper a prática cotidiana do fisiologismo político.

O desinteresse e a omissão tornaram férteis os espaços para a proliferação da corrupção e perpetuam a existência dos maus políticos, tornando mais distantes as soluções dos principais problemas enfrentados pela coletividade.

Mais do que optar por esta ou aquela candidatura, o pleito eleitoral em curso deve representar um divisor de águas para a valorização de novos ideários políticos, que não incluam salvadores da pátria a serviço de poucos donos de partidos.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

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