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Opiniões

19 DE SETEMBRO DE 2013

Descida de risco

Por: Fernando De Maria

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Diariamente, centenas de ônibus, sejam fretados ou de linhas comuns, transportam milhares de passageiros na ligação Planalto-Baixada usando o sistema Anchieta-Imigrantes. Alguns deles viajam há anos pelo mesmo trajeto já tendo presenciado os mais diversos tipos de acidentes, especialmente na Anchieta, líder do problema.
Neste ano, até agosto, foram registrados 873 incidentes – média de 3,6 / dia, o que representa uma queda de quase 4% em relação ao mesmo período de 2012.
No entanto, apesar da diminuição, os trechos de Serra e da Baixada Santista da Anchieta aumentaram as ocorrências em 6,18% no período. É aqui onde mora o perigo. Entre os Kms 40 e 54 se concentram  1/3 dos acidentes no sistema. Por dia, em média, são 1,2 choques, alguns fatais. Além dos transtornos provocados pelo fechamento das pistas e dificuldades no resgate de acidentados  por limitação de rotas de fuga. 
Outro trecho complicado está na chegada ao litoral, a partir do Km 54 até o final da área da Ecovias, concessionária do sistema, que registrou aumento de 15,38% dos acidentes no mesmo período.
Cansados de conviver com esta situação que se agrava a cada dia em razão do crescimento da frota de caminhões que descem ao litoral rumo ao Porto de Santos (os sete primeiros meses deste ano já registraram uma movimentação de cargas 13,5% maior que o mesmo período no ano passado, onde os caminhões respondem por cerca de 70% do transporte de mercadorias ao cais), usuários dos fretados conseguiram o apoio de vereadores, deputados, caminhoneiros e resolveram dar um basta à situação. 
Querem que os ônibus também possam circular pela pista sul da Imigrantes. A alegação é justa. Prometem – caso suas reivindicações não sejam atendidas até 12 de outubro – fechar as estradas, com aval de caminhoneiros. A Ecovias, por sua vez, diz que vai criar  uma faixa exclusiva para ônibus das 18h às 20 horas, horário quando 250 veículos fretados descem a serra. Promete mais câmeras de vigilância e reforço na fiscalização. Os usuários, porém, são céticos em relação às medidas.
A Artesp – Agência de Transportes do Estado de São Paulo e a Ecovias baseiam-se no estudo realizado pelo Departamento de Engenharia e Aeronáutica da USP São Carlos de 2004 – que resultou na portaria 11/2002 – impedindo o tráfego de veículos pesados pela pista. A justificativa é que os ensaios, que consideram variáveis como declividade, geometria e distância, mostram que as características de ônibus e caminhões em circulação pela estrada não garantem a segurança da descida pela Imigrantes.
Se a questão é a segurança, por que não realizar um novo estudo para verificar o atual estágio de riscos diante das frotas de ônibus, sem dúvida, mais modernas que há quase uma década?
Por qual razão não se pode liberar o tráfego de ônibus pela pista sul da Imigrantes quando o fluxo  de automóveis estiver abaixo de  uma faixa de demanda considerada segura?  E  aumentar o total de radares e fiscalização para quem abusar na velocidade. Afinal, qualquer risco será menor que trafegar pela Anchieta ao lado dos caminhões. Falta, portanto, bom senso das autoridades para entender os dramas de quem convive com o problema diariamente.

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