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Opiniões

29 DE FEVEREIRO DE 2016

Descrédito crescente

Por: Humberto Challoub

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A sucessão de escândalos, denúncias, e a comprovação do envolvimento de autoridades públicas de relevante importância para as instituições nacionais têm ampliado cada vez mais descrédito em relação ao modelo político brasileiro, com consequências diretas à economia e às perspectivas para o futuro do País. Os casos, invariavelmente, são frutos da cultura coronelista que durante décadas prosperou dentro do sistema eleitoral, método que ainda predomina com intensidade em estados do Norte e Nordeste, se prevalecendo da ignorância e da miséria da população para a formação de currais eleitorais. Não há portanto de se estranhar que os escândalos de natureza política e as práticas corruptas ocorram com naturalidade e tamanha desfaçatez diante da certeza de impunidade.
Já não há mais dúvida que os sucessivos casos envolvendo altas patentes do cenário político, protagonistas de casos de improbidades administrativas e quebra de decoro parlamentar têm suscitado o questionamento sobre a real serventia de se manter um sistema democrático nos moldes em que ele está concebido, especialmente quando considerado o seu custo e os benefícios reais que têm proporcionado à sociedade brasileira. O consenso em torno da necessidade de preservação da democracia, a partir da valorização das instituições e da livre escolha da representação popular, tem sido questionado em razão dos inúmeros desvirtuamentos de conduta da classe política, que demonstra não estar à altura de exercer as funções públicas para as quais são designados.
Neste contexto, não há mais como aceitar que personalidades envolvidas em ilicitudes continuem a ocupar cargos relevantes, permanecendo incólumes para postergar investigações e obstruir o andamento de processos apuratórios. O momento, mais do que nunca, requer o esforço para amenizar a depreciação da classe política com o propósito de evitar o aumento do descrédito em relação às instituições e a ampliação da desconfiança sobre a validade do regime vigente.
Além de exigir a punição dos possíveis culpados pelos atos de improbidade, torna-se latente a necessidade da sociedade civil cobrar com maior ênfase a realização de reformas no modelo de representatividade política, com a revisão dos critérios eleitorais e de proporcionalidade. Igualmente importante o estabelecimento de legislações menos flexíveis e mais rigorosas para punir infratores, para que possam servir de exemplo às futuras gerações de políticos. É certo que o sistema democrático constitui-se no melhor método de assegurar direitos individuais e de livre expressão, porém não pode ser confundido como instrumento para o livre arbítrio daqueles que o utilizam somente em causa própria. Afinal, a pior das democracias sempre será preferível à melhor das ditaduras.

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