Dimensão dos desmandos | Boqnews

Opiniões

30 DE ABRIL DE 2015

Dimensão dos desmandos

Por: Humberto Challoub

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A publicação do balanço auditado da Petrobras referente a 2014, que revelou um prejuízo líquido anual de mais de R$ 21 bilhões, sendo R$ 6,2 bilhões derivados da corrupção do esquema Lava Jato, atesta o grau de irresponsabilidade, incompetência e má fé que permearam a administração da empresa durante as gestões dos ex-presidentes José Sérgio Gabrielli de Azevedo e Graça Foster, conduzidos ao cargo respectivamente pelo ex-presidente Lula e pela atual presidenta Dilma Rousseff.

O elevado montante de endividamento, motivado pela prática irreal de preços, realização de negócios duvidosos e desvio de recursos, evidenciou de forma inconteste o propósito de utilizar o patrimônio moral e financeiro da Petrobras em prol de projetos políticos dirigidos à perpetuação no poder, especialmente do PT e partidos aliados. Nesse momento, é preciso admitir que não são poucos os exemplos conhecidos, em passado recente, da má versação dos recursos públicos destinados à manutenção de empresas estatais, invariavelmente sucateadas pela incompetência administrativa e transformadas em espaços ideais para a prática de clientelismo e corrupção.

É de se lamentar que, mais uma vez, se postergue a possibilidade de utilização de uma riqueza pertencente à toda Nação em benefícios reais ao povo brasileiro, sobretudo às camadas sociais menos privilegiadas. A constatação de tamanho desmando reforça as críticas lançadas aos sistemas estatizantes que, especialmente no Brasil, revelaram-se ineficientes e inoperantes em vários segmentos produtivos e de prestação de serviços essenciais. Nesse contexto, o modelo adotado no setor petrolífero nacional, que tinha na Petrobras sua principal representação, destoava dessa máxima porque, ao longo das últimas décadas, mostrava-se extremamente competente e lucrativo, porém, como se viu, também ficou suscetível aos descalabros e interesses políticos eleitorais.

Recuperar a empresa e resgatar sua credibilidade, nesse momento, interessa a todos os brasileiros, uma vez que é a única forma possível de assegurar que os recursos provenientes da exploração das imensas jazidas das bacias litorâneas sejam utilizados, além do atendimento às demandas sociais, ao financiamento de novas tecnologias que venham, em um futuro próximo, substituir o uso do petróleo e seus derivados em bases energéticas mais limpas e duradouras. Mais do que adotar retóricas de esperança, que preconizam o início de uma nova etapa para a Petrobras para corrigir erros e minimizar os prejuízos, espera-se a identificação e punição de todos os responsáveis pela deterioração da empresa, que merece ser enaltecida pela capacidade e empenho de seus trabalhadores e voltar a ser sinônimo de orgulho nacional.

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