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Opiniões

26 DE MAIO DE 2014

Disparidade crescente

Por: Fernando De Maria

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Dez em dez governantes têm na saúde o seu Calcanhar de Aquiles. E isso não é exclusividade do Brasil. No ano passado, o presidente Barack Obama travou uma verdadeira guerra para fazer alterações no atendimento à saúde dos americanos. E lá não há cobertura universal, como ocorre no Brasil, via SUS – Sistema Único de Saúde.

Estudo realizado pela Fiocruz-Ipea nos países desenvolvidos e em desenvolvimento revela que a maior parte do financiamento neste setor provém de fontes públicas. Em termos percentuais, o Canadá investe 70,41% do total de despesas públicas em saúde; a França, 76,74%; o Reino Unido, 82,7%; Argentina, 60,64%; China, 55,89% e o Brasil, 45,74%.

Em termos percentuais em relação ao PIB – Produto Interno Bruto, gastamos 8,9% (com investimentos públicos e privados), menos que países como França, Austrália e Reino Unido, mas mais que a China e a Argentina. Os números, portanto, revelam que ainda estamos longe de uma qualidade plena na saúde.

E os problemas ocorrem tanto no setor público como no particular. Afinal, os planos de saúde se tornaram o SUS da classe média, onde a população paga por um serviço que não condiz com a qualidade esperada. Basta ver a lista de reclamações na Agência Nacional de Saúde – ANS.

Hoje, não surpreende que uma consulta médica via plano de saúde demore meses em um profissional mais procurado. Se for particular, porém, o agendamento é imediato. Não é à toa que crescem os profissionais que não atendem mais planos de saúde, limitando-se às consultas particulares em razão dos baixos valores recebidos. Outro dado preocupante é a falta de leitos hospitalares, problema recorrente na Baixada Santista. Nem mesmo aquele que tem plano privado tem a garantia que obterá uma vaga.

Os números explicam esta realidade. Até dezembro passado, o Brasil tinha 50,27 milhões de beneficiários de assistência médica (crescimento de 4,6% em relação a 2012). Para se ter ideia, apenas os três principais planos de saúde da Baixada Santista (Unimed, Santa Casa e Ana Costa) tem juntos quase 300 mil usuários. Crescem os clientes, mas não o total de leitos.

Quanto ao SUS, com seu caráter de atendimento universal, as verbas que os mantêm são provenientes de todas as instâncias (federal, estadual e municipal). No entanto, apesar dos investimentos, os resultados estão distantes do mínimo considerado satisfatório.

A falta de profissionais, as más condições de trabalho, ausência de equipamentos simples como agulhas, por exemplo, e medicamentos básicos, corporativismo, e falta de fiscalização nas escalas dos profissionais são alguns dos problemas que a população enfrenta para ser atendida nos ambulatórios e prontos socorros.

Além disso, existem discrepâncias em relação ao envio de recursos. Enquanto Santos é melhor agraciada no recebimento de verbas federais do Ministério da Saúde (valor per capita no primeiro trimestre foi de R$ 78,34), São Vicente ficou com meros R$ 37,12 por habitante no período. Uma diferença que aprofunda ainda mais as dificuldades para os moradores dos municípios mais carentes.

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