A proximidade de um novo governo deixa as pessoas ouriçadas. O mercado quis saber o futuro ministro da Economia, Fernando Haddad.
Haverá mudanças radicais na condução das finanças do Estado? Meras declarações informais impactam as bolsas e o câmbio.
No entanto, mais importante do que a economia é o bem-estar das pessoas.
Somente espíritos iluminados é que conseguem desvendar essa verdade tão singela.
Um deles é o do economista Amartya Sen, prestes a completar noventa anos e que em 1998 recebeu o Nobel de Economia por focar o aspecto humano de tal ciência.
Errática, assim como costumam ser as ciências sociais.
Aquelas imunes a avaliações laboratoriais.
Escreveu um livro de memórias: “Uma Casa no Mundo” e sustenta que, mais importante do que a economia, é o que está acontecendo no mundo.
Defende a democracia, pois sem ela não “poderíamos ouvir uns aos outros”.
A ausência de democracia impõe silêncio. Isso sim, seria um fracasso radical da vida humana.
Secundária a questão do fracasso econômico.
Para ele, o Brasil é um país de muito sucesso em vários aspectos.
Só que o aparente sucesso econômico não afasta o pavor de muitas pessoas que não têm meios dignos de boa subsistência.
Perseguir justiça social é fazer com que todos os habitantes de um país possam se desenvolver como seres humanos potencialmente capazes de atingir a plenitude, em todos os sentidos.
É claro que aí entra a questão econômica.
Não há como ser feliz e realizado, se não se tem o que comer.
O verbo que o Brasil deveria conjugar nos próximos anos é o verbo compartilhar.
Compartilhar é um valor que transforma o mundo, que muda a história para os mais vulneráveis.
Fazer alguma coisa, um pelo outro, dignifica ambas as existências: a de quem oferece e a de quem recebe.
Há muitas formas de compartilhar.
Não é necessário focar exclusivamente o aspecto financeiro.
Compartilhar conhecimento é, talvez, mais importante para um Brasil de iletrados, de analfabetos em sentido estrito e de analfabetos funcionais.
Sem falar no analfabetismo ambiental e no analfabetismo digital, que nos condenam a permanecer a anos-luz das nações realmente desenvolvidas.
José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras – 2021-2022
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