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16 DE MARÇO DE 2022

Educação das mulheres e a posição social que elas carregam

Por: Da Redação

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A educação das meninas vai além de colocá-las na escola. Trata-se também de garantir que elas aprendam e se sintam seguras dentro da instituição, além de dar-lhes a oportunidade de concluir todos os níveis de ensino, adquirindo conhecimentos e habilidades para competir no mercado de trabalho, possibilitando ganhar habilidades socioemocionais e de vida necessárias para navegar e se adaptar às constantes mudanças da realidade que nos cerca. Possibilita ainda que elas tomem decisões próprias e contribuam para suas comunidades e para o mundo.

Tanto os indivíduos, quanto os países, se beneficiam da educação das mulheres. As mais instruídas tendem a ser mais informadas sobre nutrição e saúde, casam-se mais tarde e possuem menos filhos – e elas geralmente são mais saudáveis, caso optem por se tornarem mães.

Elas são mais propensas a participar do mercado de trabalho formal e obter rendimentos mais elevados. Um estudo recente do Banco Mundial estima que as “oportunidades educacionais limitadas para meninas e as barreiras para completar 12 anos de educação custam aos países entre 15 e 30 trilhões de dólares em perda de produtividade e ganhos ao longo da vida”.

Todos esses fatores combinados podem ajudar a tirar famílias, comunidades e países da pobreza.

De acordo com dados da UNICEF, globalmente, as taxas de matrícula nas escolas primárias e secundárias estão se aproximando da igualdade para meninas e meninos (90% homens, 89% mulheres).

Embora os dados sejam semelhantes – de fato, dois terços de todos os países alcançaram a paridade de gênero na matrícula na escola primária –, as taxas de conclusão para meninas são menores em países de baixa renda, onde 63% das alunas completam a escola primária, em comparação com 67% dos alunos do ensino fundamental do sexo masculino.

Nesses países, as taxas de conclusão do ensino médio para meninas também continuam atrasadas, com apenas 36% delas concluindo o grau em comparação com 44% do outro gênero.

Segundo a UNESCO, as taxas de conclusão do ensino médio têm disparidades semelhantes em países financeiramente mais vulneráveis: 26% para homens jovens e 21% para mulheres jovens. As lacunas são mais acentuadas em países afetados por fragilidade, conflito e violência (FCV).

Nessas nações, as meninas têm probabilidade de estar 2,5 vezes mais fora da escola do que os meninos e, no nível secundário, têm 90% mais chances de evasão.

Ambos os gêneros estão enfrentando uma crise de aprendizado. A Pobreza de Aprendizagem mede a proporção de crianças que não são capazes de ler com proficiência aos 10 anos. Embora as meninas tenham, em média, 4 pontos percentuais a menos que os meninos, as taxas permanecem muito altas para ambos os grupos.

A média dessa defasagem em países de baixa e média renda é de 55% para mulheres e 59% para homens.

Em muitas nações, a matrícula no ensino superior favorece ligeiramente as mulheres jovens, no entanto, melhores resultados de aprendizagem não estão se traduzindo em maior produtividade no trabalho e na vida delas.

Há uma grande diferença de gênero nas taxas de participação da força de trabalho em todo o mundo, conforme levantamento do Banco Mundial. É especialmente gritante em regiões como o sul da Ásia, Oriente Médio e norte da África, que têm algumas das menores taxas de participação da força de trabalho feminina.

O preconceito de gênero nas escolas e salas de aula também pode reforçar as mensagens que afetam as ambições das meninas, suas próprias percepções de seus papéis na sociedade, as disparidades de engajamento no mercado de trabalho e a segregação ocupacional.

Quando os estereótipos são comunicados por meio do design dos ambientes de aprendizagem da escola e da sala de aula ou através do comportamento de professores, funcionários e colegas na escola de uma criança, isso passa a ter um impacto sustentado no desempenho acadêmico e na escolha do campo de estudo, afetando, especialmente negativamente, mulheres jovens que cursam disciplinas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).

A pobreza é um dos fatores mais importantes para determinar se uma menina pode acessar e completar sua educação. Os estudos reforçam, consistentemente, que elas enfrentam múltiplas desvantagens – como baixa renda familiar, moram em locais remotos ou carentes ou que têm deficiência ou pertencem a um grupo etnolinguístico minoritário –, estando mais atrasadas em termos de acesso e conclusão da educação. Fatores como violência e casamento infantil só dificultam.

O debate é, infelizmente, contemporâneo e se faz necessário a cada dia que passa.

Lara Crivelaro é diretora Acadêmica do Educbank.

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