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Opiniões

31 DE MARÇO DE 2023

Educar para paz e tolerância

Por: Humberto Challoub

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A repetição da ocorrência de episódios trágicos em unidades educacionais, como o que resultou na morte de uma professora da Escola Estadual Thomazia Montoro, na capital paulista, já faz por merecer maior atenção por parte da sociedade e, sobretudo, das autoridades públicas e gestores escolares.

Não é para menos.

Nos últimos 20 anos, de acordo com um levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz, desde 2003 o Brasil registrou pelo menos 23 ataques violentos em escolas brasileiras, sendo 11 episódios com utilização de armas de fogo, que resultaram em total de 28 mortes.

Já não bastassem os problemas enfrentados pelas escolas públicas, motivados pela precariedade na infraestrutura e a carência de corpos docentes qualificados, conter a violência nas unidades de ensino se revela agora como um novo desafio a superar, de forma a inibir o avanço de práticas condenáveis presentes no cotidiano escolar, como o racismo, a xenofobia, a misoginia e o bullying comportamental.

A influência negativa motivada pela frequência constante e indiscriminada dos jovens a ambientes digitais não recomendáveis e redes sociais é preocupante e seus efeitos já são medidos.

Pesquisa recente realizada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que sete em cada dez jovens de até 15 anos no Brasil não distinguem fatos de opiniões, o que demonstra grande suscetibilidade à obsorção de fake news e a discursos de ódio.

Soma-se a isso o crescente desinteresse das famílias no acompanhamento da vida escolar dos filhos, o êxodo da docência em razão dos baixos salários e a frágil formação de novos professores, que não conseguem obter a qualificação ideal para o atendimento das demandas atuais.

Essa fragilidade fica evidenciada no levantamento elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação.

O estudo constatou que apenas 38% do total de alunos de licenciatura das instituições federais concluíram os estudos de forma presencial.

Fica claro que o problema não poderá ser resolvido apenas com o aumento da atuação policial e da vigilância nas escolas.

Somente com uma maior participação das famílias e a adoção de medidas educacionais que priorizem as condições estruturais e de recursos humanos será possível recuperar a disciplina e o respeito nas unidades de ensino.

Mais do que ministrar conteúdos que ajudem na formação cultural, profissional e cidadã, torna-se necessário incutir nos alunos a cultura de paz e tolerância que caracteriza as sociedades prósperas e civilizadas.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

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