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Opiniões

29 DE ABRIL DE 2016

Em dívida com a região

Por: Fernando De Maria

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Entre trancos e barrancos, como diria o ditado popular, o VLT – Veículo Leve sobre Trilhos vai tomando forma. Pelo menos, a primeira fase – e com atraso considerável do originalmente previsto. A segunda, bem complexa, que prevê a ligação a partir da Avenida Conselheiro Nébias ao Centro de Santos, no entanto, vai demorar. E se sair do papel, estará pronta só na próxima década.

O VLT talvez simbolize o principal investimento de impacto do Governo Estadual na região nos últimos anos, colocando efetivamente em prática a tão acalentada metropolização da Baixada Santista que, oficialmente, completa 20 anos em julho. E mesmo assim, ligará parte de Santos a São Vicente e vice-versa, por intermédio de um meio de transporte que, espera-se, seja decente, depois de ter demorado quase duas décadas para ser colocado em prática (discutia-se antes o VLP – Veículo Leve sobre Pneus).

Já as demais cidades terão que esperar ainda mais, apesar do crescimento populacional acima da média, como ocorre em Praia Grande. Certamente, uma integração de São Vicente com o município vizinho seria mais útil do que a manutenção, neste momento, da proposta da segunda etapa em direção ao Centro santista. Mas, quem liga para esta lógica?

Deve-se lembrar que a entrega do VLT será um dos pontos fortes da campanha eleitoral que se aproxima para os candidatos tucanos. No entanto, os eleitores não podem se esquecer que a obra pagará apenas uma ínfima dívida que o governo paulista tem com a Baixada Santista.

Afinal, há mais de duas décadas São Paulo é governada pelo PSDB e apesar do partido sempre ser bem votado na região, o tratamento dado aos moradores não é proporcional aos votos conquistados.

Apesar de representarmos 4% do Produto Interno Bruto (PIB), abrigarmos o maior Porto da América Latina e um dos principais polos industriais do País, recebendo milhões de pessoas durante os finais de semana e temporada, estamos entre os piores índices de leitos hospitalares e de vulnerabilidade social, sem contar com o desemprego, com crescimento bem acima da média paulista, fruto da trágica economia nacional.

Na prática, a região tem disparidades sociais gritantes que se avolumam cada vez mais, onde os indicadores sociais mostram que existem áreas com índices de países europeus e outras, de nações africanas. E tudo a poucos quilômetros de distância. Portanto, o VLT representa avanços, mas muito mais ainda precisa ser feito para pagamento desta dívida social. Basta analisar nosso déficit habitacional vergonhoso, que afeta os indicadores de saúde e educação, sempre abaixos da média paulista.

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