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29 DE ABRIL DE 2014

Entre parênteses

Por: Fernando De Maria

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Qualquer estudante de Contabilidade ou Administração sabe que ao analisar um balanço patrimonial deve levar em consideração uma série de variáveis como o ativo e o passivo circulante, assim como os não circulantes, que permitem identificar a saúde financeira de uma empresa. De forma geral, utilizam-se os parênteses quando, ao final do resultado, o saldo é negativo, ou seja, a empresa está no vermelho.

Se isso ocorre com frequência em empresas privadas, os especialistas afirmam que a saúde financeira é delicada e inspira cuidados, que podem levá-la à concordata ou à falência.

Como na esfera pública os déficits são frequentes, mas graças a injeção de capital das prefeituras e governos estaduais ou federal tais empresas e autarquias conseguem se manter, várias delas se transformam em cabides de empregos para atender aos interesses político-partidários e quitar contas não pagas de eleições passadas. Infelizmente, tais situações são frequentes e quem paga a conta, como sempre, é o contribuinte.

Em Santos, o cenário não é diferente. Responsáveis em dotar a cidade de obras estruturais, cuidar da habitação popular na região e do trânsito na Cidade, Prodesan, Cohab e CET – Companhia de Engenharia de Tráfego, respectivamente, desempenham papéis importantes dentro da estrutura de manutenção de tais serviços. O problema é quanto o santista arca para a manutenção delas.

Com base nos últimos resultados fiscais do PCC (soma das siglas das três empresas), chega-se à constatação que os prejuízos acumulados atingiram o valor recorde de cerca de R$ 631 milhões, praticamente 1/3 de toda a arredacação própria do município em um ano.

Com base nos últimos levantamentos, a Cohab, cuja prefeitura de Santos responde por 63,1% do capital, ampliou seu déficit nos últimos dois anos em 36,2% atingindo um prejuízo acumulado de R$ 296 milhões, superando a eterna deficitária Prodesan, com R$ 292 milhões em 2013. Outra que vem se destacando no aumento das despesas é a CET, com R$ 42 milhões negativos, um acréscimo de 10% neste período.

Deve-se ressaltar que tais dívidas foram somadas ao longo da história. Erros do passado foram se acumulando e assim as dívidas precisaram ser renegociadas, virando uma bola de neve. Os abusos do passado fizeram a Cidade deixar de receber verbas plenas do Fundo de Participação dos Municípios, por exemplo, dinheiro que poderia ser aplicado em projetos diversos.

No entanto, deve-se ressaltar o alto valor da folha de pagamento das empresas na atualidade. A Prodesan gastou R$ 50 milhões no ano passado, fato ressaltado pela auditoria contratada. A CET aumentou em um ano 88% seus encargos sociais e previdenciários e 57% no volume de salários a pagar.

Não é à toa que a primeira tem 12% do seu quadro funcional ativo atuando como funcionários comissionados (sem concurso), enquanto a segunda consegue ter 50 assessores de diretoria para atender a quatro diretores e o presidente! Mas, afinal, nada como usar dinheiro dos contribuintes para garantir benesses de apadrinhados.

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