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Opiniões

10 DE JUNHO DE 2014

Enxugando gelo

Por: Fernando De Maria

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Às vésperas da abertura da Copa, todo o noticiário volta-se ao tema. Afinal, após 64 anos o País sediará novamente um mundial e se tornará a maior referência esportiva ao longo dos próximos 30 dias em todo o mundo. Como o assunto faz parte da agenda setting do momento, ou seja, quando toda a mídia enfatiza um tema, outro assunto também relevante merece discussão ampla: a segurança pública.

Preocupados com o aumento da criminalidade, secretários de Segurança e da Defesa Social da região Sudeste se encontraram na última quarta (4) com os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Alves, para debater mudanças na legislação brasileira visando aumentar a eficácia das polícias no combate ao crime e na aplicação de penas mais duras.

Os secretários reconhecem que as polícias estão ‘enxugando gelo’, pois apesar de prenderem mais bandidos não estão conseguindo conter a alta de roubos nos municípios do Sudeste. Uma epidemia que cresce em uma velocidade impressionante. Ao todo, são 13 sugestões de mudanças legislativas e outras cinco administrativas, como a inclusão de crimes graves que se tornem hediondos, o que aumentaria o tempo de pena, como roubo qualificado, roubo com lesões corporais graves e receptação qualificada.

Quanto aos menores de idade, a proposta dos secretários aumenta o tempo máximo de internação de três para oito anos de menores de idade autores de atos infracionais correspondentes a crimes hediondos. Não há, porém, qualquer discussão sobre o atual sistema carcerário brasileiro, uma verdadeira escola do crime, que contribui ainda mais para o crescimento da violência. Afinal, nosso sistema prisional precisa ser tão revisto quanto às penalidades.

O fato é que a população vive acuada e refém deste incremento da violência urbana. Apenas como exemplo, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, no primeiro quadrimestre deste ano na região de Santos, que inclui os municípios da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, já foram registrados 8.385 roubos, 39% a mais que no mesmo período do ano anterior, que, aliás, já havia sido maior que em 2012.

Como qualquer assalto está ligado à violência física não poderia ser diferente o crescimento no volume de latrocínios (roubos seguidos de morte) no mesmo período. Já foram 13 neste ano, contra 5 no mesmo período do ano passado e 8 em 2012. As tentativas de homicídio também cresceram 25% no primeiro quadrimestre em relação aos primeiros quatro meses de 2013. Sinal de alerta.

Porém, nem sempre as prioridades dos políticos são as mesmas dos cidadãos. O presidente do Senado, Renan Calheiros, prometeu que ‘apenas’ em 15 de julho solicitará a formação de uma Comissão Geral do plenário para iniciar a discussão das sugestões encaminhadas.
Ou seja, a questão de segurança pode ser discutida bem depois. De preferência, após o Brasil ganhar o hexa. E o povo? Que se exploda, como diria o personagem Justo Veríssimo, do eterno Chico Anisio. Pobre povo.

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