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Opiniões

04 DE JUNHO DE 2010

Esclarecimentos à sociedade

Por: Fernando De Maria

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A prisão de cinco policiais militares em caráter administrativo suspeitos de estarem envolvidos nas 22 mortes ocorridas no período de uma semana em abril passado mostra que a mobilização da opinião pública e da Imprensa foram fundamentais para as alterações na cúpula da polícia paulista, que ocasionaram na provável identificação dos suspeitos, cujos indícios comprovam o envolvimento de policiais em grupos de extermínio.
O fato, de repercussão nacional e até internacional (o consulado estadunidense chegou a divulgar que fossem evitadas viagens para as cidades da Baixada Santista em razão dos episódios) já merecia  uma ação contundente por parte da polícia como resposta à sociedade sobre o episódio.
Precisou ocorrer uma mudança na cúpula da polícia paulista com o afastamento do corregedor Davi Nelson Rosolen, substituído pelo coronel Admir Gervásio Moreira, ex-chefe do Comando de Policiamento Metropolitano, para que o cenário mudasse.
A ação, em especial na região, merecia há tempos uma atuação mais eficaz por parte da polícia. Apenas neste ano, 34 execuções sumárias foram registradas na Baixada Santista pela Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo.
Desde maio de 2006, época dos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC), foram registradas 115 homicídios com características de atuação de grupos de extermínio, onde suspeita-se existir o envolvimento de policiais civis ou militares.
O próprio ouvidor da polícia Luiz Gonzaga Dantas destaca o perfil das vítimas: jovens moradores de áreas periféricas, negros ou pardos e, em sua maioria, sem antecedentes criminais. A ligação principal seria com a relação de amizade ou familiar com traficantes e assaltantes.
Ou por serem testemunhas oculares de crimes, como deve ter ocorrido, conforme a polícia, com o assassinato de Alessandra Aparecida de Matos Madeira, que teria presenciado o homicídio do adolescente Rafael Souza de Abreu, de 16 anos, o primeiro das 22 vítimas, cujos crimes ainda não foram solucionados.
A Baixada Santista merece uma atenção especial. Conforme levantamento da ouvidoria no ano passado, o CPI-6, área de atuação da polícia na região, foi responsável por 25 homicídios (de um total de 320) e 14 de autoria desconhecida (de um total de 61). Em números absolutos, os maiores entre todas as regiões do estado, excluindo a Capital e Grande São Paulo.
Na verdade, a ação da polícia em identificar os culpados deve ser mais abrangente. É comum vermos policiais fazendo bicos em estabelecimentos comerciais (e até em bingos clandestinos que se multiplicam diariamente).
Os baixos salários pagos motivam os trabalhos externos, fomentando as relações perigosas de se fazer justiça com as próprias mãos, algo abominável. Um círculo vicioso que permanecerá se não houver uma valorização salarial e policiais comprometidos apenas com as funções aos quais estão designados.

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