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Opiniões

23 DE FEVEREIRO DE 2015

Estradas assassinas

Por: Humberto Challoub

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O balanço de acidentes divulgado pela Polícia Rodoviária Federal, referente ao período do último final de semana prolongado pelo Carnaval, mais uma vez traduziu de forma nefasta a realidade de precariedade que envolve as estradas federais brasileiras. Em apenas quatro dias, foram registrados um grande número de acidentes em diversas rodovias que cortam importantes estados brasileiros, que resultaram em mortes de inúmeras pessoas e deixaram muitas outras feridas com gravidade. Por si só, toda a tragédia motivada pelas péssimas condições de nossas estradas – aliada à imprudência dos condutores de veículos – seria motivo mais do que suficiente para justificar a priorização de investimentos públicos na recuperação e duplicação das principais rodovias nacionais, porém há muito isso não acontece.

Além da insegurança resultante da deterioração das vias, falta de sinalização, ausência de fiscalização e equipamentos de monitoramento, as estradas brasileiras já não comportam mais o volume de tráfego em razão do expressivo aumento da frota de veículos ocorrida nas últimas duas décadas. Da mesma forma, com o desprezo aos sistemas de transporte de carga por meio de cabotagem e ferrovias, as rodovias recebem número cada vez maior de caminhões para a movimentação de mercadorias, onerando o preço dos produtos ao consumidor final em razão dos elevados custos gerados pela manutenção e depreciação desses veículos em razão da falta de condições ideais de tráfego.

Nesse sentido, além da urgente necessidade de investimentos na melhoria das condições das estradas, cabe ao Governo colocar em prática a tão propalada política de transportes para o Brasil, que obrigatoriamente deve incluir projetos visando a criação de malhas ferroviárias de grande extensão e o melhor aproveitamento de sistemas pluviais, garantindo condições mais seguras e econômicas para o transporte de cargas e passageiros. Exemplos abstraídos de nações desenvolvidas denotam que os processos de desenvolvimento econômico e social decorreram de forma associada às políticas de expansão dos sistemas de transporte, fator preponderante para integração de regiões produtivas e desconcentração de grandes conglomerados urbanos.

É de se esperar, portanto, que a presidenta Dilma Rousseff coloque em curso suas propostas de campanha enfatizando projetos nesse setor, especialmente o de ampliação das malhas ferroviárias e dê o andamento devido ao prometido plano de recuperação da malha rodoviária incluído na relação de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que até hoje ainda não conseguiu atingir plenamente as metas preconizadas. Não é mais possível aceitar que a negligência com as estradas federais continue resultando em mortes que poderiam ser evitadas.

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