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Opiniões

08 DE NOVEMBRO DE 2015

Evitar um mal maior

Por: Humberto Challoub

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Com a estimativa de provocar ao menos 4 mil demissões, o anúncio de fechamento temporário de unidades de produção de aço na Usina Siderúrgica José Bonifácio, em Cubatão, anunciada recentemente pela direção da Usiminas, representará mais um duro golpe à economia regional, uma vez que, além da supressão de postos de trabalho, produzirá consequências danosas a vários setores ligados à atividade e, ainda, uma redução significativa na geração de tributos, especialmente em âmbitos municipal e estadual.

Mesmo com a justificativa de adequação da empresa ao cenário de crise enfrentada pelo País e com a retração de tradicionais mercados consumidores de aço, como a China, a decisão da Usiminas deve ser questionada, diante dos impactos que produzirão na Baixada Santista. Temos de recordar que, com a privatização ocorrida em 1993, a companhia, que durante 30 anos foi administrada pelo Estado, representou um ícone de sucesso no processo de transferência do modelo estatal à iniciativa privada. À época foram investidos US$ 1,2 bilhão na modernização de sua estrutura (US$ 240 milhões só em projetos ambientais), as receitas bruta líquida cresceram expressivamente com a expansão do volume comercializado e pela prática de preços competitivos.

Uma empresa que produzia, com mais de 10 mil empregados, cerca de 3 milhões de toneladas de aço ao ano, em curto período passou a produzir 4,2 milhões com a metade de seu quadro de pessoal, atestando assim a assertiva do processo de privatização. Como explicar então o fato da Usiminas adotar uma decisão tão extremada de suprimir tantos postos de trabalho qualificados, visto que os seus indicadores de eficiência e resultados sempre lhe foram favoráveis?

Neste sentido, torna-se necessário o estabelecimento de um canal de diálogo entre a direção da Usiminas, autoridades constituídas e trabalhadores para, a todo custo, tentar evitar que a interrupção de setores essenciais à sobrevivência da empresa torne irreversível sua recuperação, inviabilizando assim a retomada plena de sua capacidade produtiva. É preciso que se reconheça que, mais do que objetivar a conquista de dividendos aos seus acionistas, a Usina Siderúrgica de Cubatão exerce papel estratégico ao País, especialmente quando se almeja o desenvolvimento econômico a partir da ampliação das atividades industriais.

A união de esforços de todos os segmentos envolvidos, nesse momento, se faz necessária para a superação das dificuldades, que serão ampliadas ainda mais com o crescimento do número de desempregados na região. Com boa vontade, criatividade e iniciativas que ajudem temporariamente a empresa, como, por exemplo, a desoneração de encargos e impostos, poderá se evitar um mal maior.

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