Expansão do poder paralelo | Boqnews

Opiniões

22 DE OUTUBRO DE 2016

Expansão do poder paralelo

Por: Humberto Challoub

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Os recorrentes episódios protagonizados por confrontos entre a polícia e quadrilhas instaladas nos morros do Rio de Janeiro atestam o poder que a criminalidade conquistou, ao longo das últimas décadas, nas zonas periféricas das principais cidades brasileiras.

Há muito se sabe as razões que levaram ao crescimento exponencial dos índices de violência, hoje comparáveis a de uma guerra declarada. Dispostos ao enfrentamento com os policiais, as quadrilhas revelam-se cada vez mais equipadas com armamentos de última geração, o que demonstra uma pretensão nunca vista para manter e expandir o domínio das áreas utilizadas para comércio de drogas.

Transformadas em verdadeiros guetos, as comunidades dominadas pelos comandos criminosos são geridas por leis próprias, o acesso é restringido e controlado, com total desprezo às regras que normatizam a vida em sociedade.

A medida em que se intensificam as ações policiais nestas áreas, principalmente nas periferias e nos conjuntos de favelas localizados em morros, evidencia-se os níveis de sofisticação e audácia alcançados pela criminalidade.

Entrincheirados em posições estratégicas e, na maioria das vezes, dispondo de modernos sistemas de informação, os traficantes agora demonstram a firme disposição de resistir à polícia, colocando sob dúvida a real capacidade do Estado no combate à criminalidade.

Não bastasse, o tráfico ocorre à plena luz do dia, onde crianças e adolescentes acabam se agarrando às facilidades oferecidas pelo mundo do crime, alimentando este círculo vicioso, onde a cada baixa o sistema é automaticamente renovado, sem prejuízo da estrutura consolidada, que se expande de acordo com a fragilidade deixada pelo Poder Público.

Aliás, a negligência das administrações públicas, omissas no atendimento das demandas sociais básicas, permitiu às quadrilhas contar, em muitos casos, com a simpatia e proteção da população local, controlando acessos, horários de comércio e até o funcionamento de unidades educacionais.

Como se tudo isso só não bastasse, presídios foram transformados em autênticas escolas de formação e aperfeiçoamento da criminalidade, quartéis-generais de onde se originam os principais planos e estratégicas criminosas.

Tamanho grau de organização e nível de ingerência na vida das comunidades impõe, no atual momento, muito mais do que periódicas incursões policiais isoladas, método que se revela como mero paliativo diante da dimensão que o problema já alcançou.

Torna-se imperioso, portanto, a adoção de medidas vigorosas para o restabelecimento do poder do Estado, por meio de intervenções e permanência das forças militares nas áreas dominadas pelos traficantes.

Da mesma forma, há de se introduzir as medidas sociais cabíveis para reconquistar a credibilidade junto às populações residentes, sem o que não se conseguirá impedir o aumento do número de mortes, muitas delas vitimando inocentes.

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