O nome do título pode soar até estranho. Afinal, a Faixa de Gaza é um território palestino composto por uma estreita faixa de terra localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio, fazendo fronteira com o Egito e Israel. Desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, ela tornou-se ponto de refúgio para o povo palestino. Estima-se que mais de 1,5 milhões deles vivam na região, muitos em campos de refugiados, em condições precárias de moradia e saneamento. Um verdadeiro barril de pólvora.
Guardadas as devidas proporções é assim que alguns trechos urbanos da região estão sendo chamados por munícipes. O crescimento da violência, especialmente nas áreas mais periféricas, tem sido um grave problema na Baixada Santista. Nem sempre os casos aparecem nas estatísticas. Mesmo assim, é visível o aumento no total destes crimes.
Pode parecer coincidência (ou não), mas as alterações viárias que a região passa em decorrência das obras do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos e o fechamento da Ponte Pênsil, ambas com maior impacto em São Vicente, além dos constantes congestionamentos nas estradas como a Anchieta, em Cubatão, e a Imigrantes, em Praia Grande e São Vicente, devem contribuir para o aumento destes crimes.
Por exemplo, as mudanças viárias em São Vicente tem atrapalhado a vida de milhares de pessoas, especialmente as que fazem o trajeto Litoral Sul – Santos passando pela cidade vicentina. Com o fechamento da Ponte Pênsil para reforma, quem faz o trajeto São Vicente-Praia Grande tem vivido momentos de tensão, especialmente à noite.
Os usuários precisam rezar para não ter seu veículo atingido por pedras, pregos e, consequentemente, serem assaltados. Os trechos das ruas Mascarenhas de Moraes, Cidade de Santos e nas proximidades do Centro de Convenções de São Vicente são os mais visados pelos marginais. Não é à toa que tais áreas sejam chamadas de Faixa de Gaza, em referência à região de guerra entre a Palestina e Israel, no Oriente Médio.
Situação semelhante vive o motorista que convive com as inversões de mãos no sistema Anchieta-Imigrantes e com o tráfego intenso a caminho de São Paulo, seja nas vias com semáforos que cortam São Vicente e Praia Grande, seja na Via Anchieta, no trecho de Cubatão.
Com um policiamento ínfimo nas estradas e um monitoramento eletrônico incompleto, o cidadão fica à mercê da sorte. No último final de semana, motoristas foram vítimas de assaltantes que aproveitaram o tráfego para empunhar suas armas e fazer arrastões pelas estradas, congestionadas pelo excesso de veículos. Até o Ministério Público pede explicações sobre o episódio.
Apesar de vários crimes não serem registrados pelas vítimas é nítido o crescimento no total de roubos e furtos nestas três cidades. Na comparação entre julho passado e o mesmo mês em 2012, o aumento de roubos chegou a 28% e de furtos, 29% em São Vicente. Em Cubatão, os roubos cresceram 10% e os furtos, 34% no mesmo período. Praia Grande também registrou crescimento em 19% no total de furtos. Em Santos, tal crime evoluiu 3%.
Sinal, portanto, que a triste comparação popular com a Faixa de Gaza do Oriente Médio não soa tão esdrúxula assim. Infelizmente.