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Opiniões

11 DE SETEMBRO DE 2016

Fatos a temer

Por: Fernando De Maria

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Gostando ou não, com a decisão do Senado pela saída de Dilma Rousseff da presidência da República, o Brasil terá até 2018 um novo presidente, Michel Temer (PMDB), partido com a maior bancada do País, mas sempre um apêndice de quem esteve no poder ao longo da história nas últimas décadas.
Foi assim com os governos tucanos de Fernando Henrique Cardoso, e petistas, como de Lula da Silva e, principalmente, Dilma Rousseff. Hoje, o PMDB, aliado de outrora, virou o símbolo do golpe, como destacou em seu discurso final a ex-presidente petista. Esqueceu, porém, que antes o vice e o partido tiveram-lhe ampla serventia.

Com a decisão política, resta saber quais os rumos que o País tomará a partir de agora. Logo após a oficialização do seu nome à frente da Presidência,em encontro com ministros, Temer enfatizara a necessidade do governo dar respostas e demonstrar força, até porque os partidos de oposição, em especial o PT, serão implacáveis contra seu governo. E Temer sabe que tem fatos a temer.

Exemplos não faltam para ilustrar o cenário, como a aproximação do atual presidente com poderosos grupos empresariais que atuam no Porto de Santos. O ex-presidente da Codesp, Marcelo de Azeredo, indicado por Temer no final dos anos 90 e de passagem ruidosa à frente da administradora portuária, foi alvo de acusação de corrupção por sua ex-companheira na ocasião. Ela teria também acusado o atual presidente em suposto pagamento de propinas. Certamente o assunto voltará à baila, ainda mais com a raivosa oposição.

E isso, há de se reconhecer, o Partido dos Trabalhadores sabe fazer bem. Chegou ao poder por fazer uma oposição forte, algo que seus opositores nunca tiveram competência em fazê-lo, como bem ilustra o escândalo do Mensalão ainda no primeiro mandato do ex-presidente Lula, que, por ironia, ganhou com folga em 2006 e ainda fez a sucessora quatro anos depois.

Temer tem vários desafios. Primeiro, encontra o País que bate vergonhosos números de desemprego crescente, aliado a uma inflação que beira os dois dígitos e queda na economia.

A decisão política com a definição sobre quem realmente está no poder pode garantir-lhe fôlego junto ao mercado internacional, mas por aqui os desafios ainda são enormes para atrair o empresariado brasileiro que sofre as consequências do atual cenário econômico, fator que impacta o trabalhador, vítima final desta espiral negativa e em ascensão.

Não bastasse, o presidente deve controlar a base aliada e ter pulso firme na área econômica para evitar concessões que onerem ainda mais o Estado. Infelizmente, ao liberar reajustes aos servidores e ao Judiciário, de olho na governabilidade, o presidente vive uma situação dúbia.

Em seus discursos, fala em reformas trabalhista e previdenciária, mantendo garantias aos trabalhadores. Na prática, porém, age com a caneta ampliando benesses para feudos que sempre abocanharam um quinhão considerável do orçamento público. O que esperar, portanto?

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