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Opiniões

11 DE DEZEMBRO DE 2016

Fiscalizar para moralizar

Por: Humberto Challoub

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O avanço da Operação Lava a Jato, que a cada dia acumula mais indícios e comprovações do envolvimento de centenas de políticos e inúmeras empresas no mais sofisticado esquema de corrupção que se teve conhecimento na história brasileira fez aflorar com intensidade sentimentos de repulsa e desalento da população em relação às instituições públicas. Não era para menos. Tendo como consequência direta o aprofundamento da crise econômica, que tem no elevado índice de desemprego sua face mais cruel, os esquemas de corrupção que beneficiaram as principais autoridades brasileiras geraram, inevitavelmente, um clima de acentuada descrença e o questionamento sobre a real serventia de manutenção do sistema democrático nos moldes atuais.

Há de se reconhecer que as muitas experiências negativas abstraídas do cenário político ao longo da história recente, que além dos atos de corrupção atestaram também a proliferação de desmandos administrativos, frustaram a ideia de futuro promissor para o País e ampliaram o grau de desinteresse da população com o sistema político. A infidelidade partidária e as muitas incoerências presentes nas normas reguladoras da atividade política, especialmente as que estabelecem os critérios de proporcionalidade e representatividade, tornou insignificante o valor atribuído aos princípios ideológicos e programáticos que deveriam orientar candidaturas e coligações partidárias. Restou apenas o pragmatismo de conquista e manutenção do poder a qualquer custo.

Apesar das imperfeições do sistema vigente – e o conceito pejorativo que forja a imagem da prática eleitoral -, é necessário insistir e reafirmar a ideia de que o exercício do voto democrático continua sendo o principal instrumento de transformação de uma sociedade que busca justiça social e prosperidade. Por isso, seu valor não pode ser diminuído ou desprezado. Assim, havemos de cobrar cada vez mais o comprometimento e responsabilidade de todos na escolha de seus representantes, por meio de uma análise criteriosa do currículo, histórico de vida pública e comunitária e, principalmente, a real capacidade para exercer o cargo a que eles se oferecem.

A prosperidade e melhorias desejadas para atendimento digno às demandas da população, sobretudo aos mais desfavorecidos, não ocorrerão pela força de milagreiros ou pelas mãos dos arautos de ideias fáceis que, como se viu, desprezam princípios éticos e morais para ocupar espaços de poder objetivando a conquista de benesses em causa própria.

Diante disso, mais do que nunca devemos estimular uma postura mais participativa da população nas decisões dos governantes e legisladores, por meio do engajamento nas entidades de classe, conselhos de moradores e organismos civis de representação. Exigir a fiel execução dos planos administrativos, cobrar transparência no uso dos recursos públicos e, sobretudo, fiscalizar os atos e ações dos mandatários eleitos representam, juntamente com o exercício do voto, a única fórmula realmente capaz de moralizar, de forma eficaz e perene, o atual regime político.

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