A medida que os dias avançam, as consequências da tragédia que se abate sobre o Rio Grande do Sul começam a dar a real dimensão da devastação produzida pelas chuvas que castigaram aquele estado e a ordem de grandeza dos investimentos que serão necessários para recuperar a normalidade das atividades cotidianas da população.
Além do drama vivido pelas famílias afetadas, com perdas de entes queridos e de patrimônios construídos ao longo de décadas, o que se vislumbra pela frente serão períodos de muitas dificuldades para reconstrução das cidades e recuperação das atividades econômicas que foram profundamente prejudicadas.
Diante desse cenário catastrófico, todas as iniciativas que visem ajudar a população gaúcha a superar o imenso desafio de recuperar condições mínimas de subsistência são válidas e devem, na medida do possível, ser tratadas como prioridade nacional.
Nesse sentido, agem corretamente os agentes públicos em atuar de forma a criar mecanismos facilitadores para permitir agilizar o acesso a recursos e demais benefícios sociais que assegurem a continuidade das ações para amenizar o sofrimento das muitas famílias desabrigadas que já não mais dispõem de moradias para retomar suas vidas.
Da mesma forma, será fundamental o estabelecimento de um plano eficaz de recuperação de vias de acessos e da infraestrutura mínima das cidades destruídas, onde escolas, postos de saúde e unidades de atendimento social deixaram de existir em razão do avanço das águas.
Os desafios são gigantescos e, por certo, vão impor sacrifícios, união de esforços e disposição de todas as partes envolvidas.
Também vão exigir a aplicação de novos conceitos construtivos e adequação das localidades às medidas preventivas visando evitar a repetição de tragédias dessa natureza.
A expansões urbanas desordenadas resultaram na acelerada ocupação de áreas imprescindíveis à preservação ambiental e, pelo que se vê, devem ser evitadas.
Corrigir os erros do passado não será tarefa fácil, porém é um dever de Estado que não pode ser mais negligenciado, uma vez que milhares de famílias vivem hoje sob o temor das tragédias anunciadas, sem qualquer perspectiva de solução em curto prazo.
Mais do que promover intervenções contingenciais para salvaguardar condições mínimas de habitabilidade, às autoridades públicas cabe o dever de estabelecer novas diretrizes para o crescimento das cidades, que passa, obrigatoriamente, pela revisão do modelo de desenvolvimento econômico e social que se pretende para o Brasil.
É preciso criar novos paradigmas para evitar que as populações continuem sob o risco interminável provocados anualmente pelas chuvas.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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