Faltando pouco mais de um mês para o início do período de realização das convenções partidárias que irão deliberar sobre coligações e escolher candidatas e candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador, crescem as articulações políticas visando a disputa nas eleições municipais que ocorrerão em outubro próximo.
É certo que a forte polarização ideológica estabelecida no cenário nacional, que tem como principais ícones o presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro, será um forte agente influenciador na decisão de voto dos eleitores, contudo não decisivo.
No âmbito das cidades deverá prevalecer o debate em torno da real capacidade das administrações no atendimento das necessidades de serviços públicos nas áreas essenciais, especialmente nas questões referentes à saúde, educação e à segurança.
A tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul, que se repete a cada ano em diversas cidades brasileiras, expôs mais uma vez o despreparo e a incompetência das autoridades constituídas em dar respostas adequadas e urgentes visando atenuar as consequências de fenômenos climáticos.
Um fator, porém, se revela preponderante para ampliar os danos causados às populações: a ausência de uma cultura de manutenção preventiva e permanente na atuação das administrações públicas.
Ao contrário de municípios localizados em países mais desenvolvidos, especialmente em cidades europeias que conservam e mantêm atualizados equipamentos e antigas edificações públicas, no Brasil ainda é a “política de inaugurações” que prevalece.
Soma-se a isso a má vontade na preservação de obras realizadas por opositores, tendo como consequência a deterioração de escolas, postos de saúde, hospitais, teatros e tantos outros bens comuns que deveriam estar permanentemente a serviço da população.
O amadurecimento do regime democrático, a partir das experiências que podem ser abstraídas das últimas eleições realizadas no País, propiciou ao eleitor olhar com desconfiança às retóricas fáceis e populistas, suspeitar dos discursos milagreiros e absorver o entendimento de que as conquistas almejadas para a sociedade brasileira somente serão possíveis com planejamentos de médio e longo prazos.
Da mesma forma, o eleitor deve ampliar sua capacidade crítica para não ficar suscetível aos efeitos midiáticos produzidos pelos requintes cinematográficos utilizados pela propaganda eleitoral.
Ao mesmo tempo, devem condenar a arrogância de pseudos donos da verdade que utilizam factoides, calúnias e difamações contra opositores e poucas soluções apresentam para os problemas das cidades.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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