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Opiniões

27 DE MAIO DE 2019

Hora de refrear ânimos

Por: Humberto Challoub

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Ao estimular a população para sair às ruas neste domingo (26), sob a justificativa de manifestar apoio às reformas encaminhadas ao Congresso Nacional, o presidente Jair Bolsonaro expõe sua falta de habilidade no relacionamento que, por força do regime democrático, deve manter com os partidos e respectivos parlamentares legitimamente eleitos para ocupar cadeiras na Câmara e no Senado.

É certo que, ao longo da história, as relações entre o Executivo e o Legislativo sempre foram pautadas pela prática do “toma lá dá cá”, com a distribuição de cargos e compra de votos, antítese à retórica que conduziu Bolsonaro ao Palácio do Planalto.

Porém, essas condutas espúrias verificadas em passado recente não devem servir como único argumento para o estabelecimento de um convívio conflituoso entre os dois poderes, da mesma forma que as barganhas políticas não podem servir como um instrumento de chantagem a serviço dos parlamentares, sobrepondo as prioridades e interesses da população.

O momento vivido pelo País, de polarização política e posturas maniqueístas, em nada contribui para a solução dos graves problemas sociais e econômicos enfrentados pelos brasileiros, sobretudo os mais pobres. Mais do que divergências semânticas e ideológicas, espera-se do Governo e do Congresso maior empenho na formulação de políticas dirigidas à criação de frentes de trabalho para reverter o grave quadro de desemprego atual, especialmente em áreas que não exigem níveis elevados de especialização da mão de obra.

Enfatizar, neste momento, a geração de renda por meio da ocupação de trabalhadores em projetos voltados à melhoria das condições de vida da população, como habitação, saneamento e infraestrutura urbana, é de fundamental importância e, por isso, é o que se espera das autoridades públicas.

Os motivos e os respectivos responsáveis pelos problemas que afetam a população já são por demais conhecidos, por isso é fundamental estabelecer o consenso de que é preciso corrigir erros e olhar para o futuro, sem radicalismo, ressentimentos e interesses eleiçoeiros. Somente a união de propósitos e a predisposição de solucionar as questões que impedem a retomada do desenvolvimento brasileiro irão superar os conflitos gerados por posições antagônicas.

Neste sentido, ao invés de acirrar ânimos, cabe ao presidente Bolsonaro o entendimento de que a liturgia do cargo para o qual foi eleito requer muita prudência, pluralidade e conduta apaziguadora, uma vez que a democracia pressupõe diálogo transparente e convívio civilizado entre opostos.

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