Imagem bem arranhada | Boqnews

Opiniões

17 DE DEZEMBRO DE 2010

Imagem bem arranhada

Por: Fernando De Maria

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Criada há 15 anos, a CET – Companhia de Engenharia de Trânsito de Santos carrega uma imagem desagradável ao público, que desconhece sua importância para o cotidiano da Cidade. Sua sobrevivência financeira está diretamente relacionada à aplicação de multas de trânsito. Mas, alguém gosta de ser multado, mesmo após ter cometido um ato infracional?
No início, a CET não tinha amparo legal para multar, o que era motivo de chacota. Com a entrada em vigor da Lei 9.503/97, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro, a empresa passou a ter amparo legal e então sua imagem passou a ser relacionada à indústria de multas provocando a ira de motoristas, especialmente os que desrespeitam as leis do trânsito.
É claro que existem abusos e erros por parte da empresa, porém a CET representa o velho ditado: ruim com ela, pior sem ela. No entanto, o escândalo da descoberta de 7.070  multas que foram canceladas do sistema e não geraram receita à empresa mostra a vulnerabilidade e a fragilidade com que a CET atua, provocando um desconforto desnecessário à sua imagem (já) bem arranhada.
Afinal, não é possível que uma esquema de corrupção dure sete anos e sua descoberta tenha sido por acaso. Afinal, com tanta tecnologia disponível para evitar tais fraudes, é incrível a facilidade com que ex-funcionários da Unidade de Assuntos Jurídicos da companhia tivessem acesso e poder para simplesmente bloquear as 7.070 multas ao longo de tanto tempo, várias delas ligadas ao mesmo mandado de segurança, que, em alguns casos, eram anteriores à aplicação da infração. Se houvesse um zelo maior por parte da empresa e auditorias constantes certamente isso não ocorreria.
O problema, no entanto, não se resume ao desvio de recursos públicos. A denúncia foi divulgada apenas depois da Câmara ter aprovado uma verba adicional de R$ 34 milhões de repasse da Prefeitura por meio de convênio para administrar e planejar serviços no sistema viário nos próximos dois anos. Ou seja, a empresa pede recursos extras, mas é ineficiente na hora de fazer a lição de casa.
Além do dano financeiro, o escândalo das multas prejudica ainda mais a imagem da empresa e de seus quase 500 colaboradores, especialmente os agentes de trânsito que atuam nas ruas e começam a sofrer críticas por parte de motoristas ignorantes, que despejam sua ira nos funcionários.
Estudo feito pelo Sindviários, o sindicato da categoria, mostra que pelo menos 20% do efetivo operacional da CET já passou por situação de agressão, ameaça, contrangimento ou coação nas ruas. Com o episódio, o índice deve crescer.
O escândalo, portanto, serve de modelo para que a empresa inicie um processo de reformulação das imagens interna e externa, contribuindo para o esclarecimento dos fatos no inquérito policial e no âmbito judicial. Um verdadeiro trabalho de reconstrução de imagem, algo difícil, mas fundamental para sua credibilidade.

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