Imprensa infamada | Boqnews

Opiniões

03 DE SETEMBRO DE 2022

Imprensa infamada

Por: Humberto Challoub

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O comportamento adotado por jornalistas e veículos de comunicação na cobertura de fatos políticos e, agora, dos movimentos decorrentes do período pré-eleitoral, tem motivado o questionamento sobre a credibilidade e o real papel que o jornalismo deve, por obrigação e princípio, cumprir nos sistemas democráticos.

Maculadas por preferências ideológicas, partidárias e interesses econômicos, parte da imprensa deixou de praticar fundamentos essenciais à atividade profissional, entre eles a checagem das informações, o aprofundamento e a contextualização dos fatos narrados, a concessão de espaço igualitário ao contraditório e, sobretudo, a comprovação de acusações e denúncias, muitas delas travestidas como verdade.

Descontadas a má fé e a ausência de valores éticos, a deterioração do jornalismo brasileiro decorre do ambiente pouco favorável para o exercício da profissão.

Além de enfrentar as mudanças tecnológicas nos meios de produção e o avanço de novas plataformas digitais e redes sociais, responsáveis por subtrair verbas publicitárias dos meios tradicionais, a proliferação de escolas de jornalismo de qualidade duvidosa voltadas apenas à obtenção de lucros, o fim da obrigatoriedade de exigência do diploma para obtenção do registro profissional, o pouco investimento e enxugamento das redações são outros fatores que vêm contribuindo para a queda da qualidade do conteúdo oferecido ao público.

O declínio da confiança e da credibilidade são visíveis e ameaçam a manutenção das empresas que atuam na área, suscitando o questionamento sobre o real papel que a comunicação deve cumprir na sociedade.

De irrefutável importância para o fortalecimento do regime democrático e para a garantia dos direitos individuais, o jornalismo não pode ser utilizado como forja de armas de chantagem e difamação a serviço de interesses econômicos e políticos, desprezando por completo fundamentos que preservem os valores produzidos pela boa informação e transparência.

Mais do que nunca é necessário concentrar recursos e esforços na construção de espaços de mídia voltados ao atendimento de necessidades prementes da população, dirigidas especialmente ao fomento da educação, à cidadania e à valorização da nossa cultura.

A história é repleta de exemplos das consequências danosas que o uso indevido da comunicação pode trazer à sociedade, especialmente pela capacidade de forjar falsos conceitos e induzir a entendimentos que nem sempre condizem com a realidade.

A prática livre e responsável do jornalismo é a única forma possível para recuperar sua credibilidade, evitando assim que fiquemos à mercê da manipulação.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

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