Integração necessária | Boqnews
Foto: Thiago Gomes/Agência Pará

Opiniões

17 DE FEVEREIRO DE 2023

Integração necessária

Por: Humberto Challoub

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A revelação das mazelas sociais que acometem há anos os povos originários que habitam a terra indígena yanomami chocou a opinião pública e, por isso, merece ser apreciada de forma mais ampla, uma vez que envolve aspectos que extrapolam a discussão em torno da proteção da área ocupada pelos índios nativos daquela região da Amazônia.

Mais do que assegurar o direito constitucional para as nações indígenas brasileiras, o momento é pertinente e propício para valorizar o índio como importante aliado na preservação ambiental e, principalmente, como parceiro estratégico na defesa da soberania nacional em territórios que cada vez mais despertam a cobiça estrangeira.

Vítimas no processo de colonização e marginalizados durante décadas pelo total desprezo aos seus valores culturais, os povos indígenas sempre foram subjugados pelo interesse na exploração das riquezas naturais e minerais contidas nas áreas por eles ocupadas, sendo invariavelmente relegados à condição secundária nas prioridades definidas pelo Estado.

Apesar do reconhecimento aos avanços obtidos no trato das questões indígenas a partir da introdução de preceitos constitucionais, notadamente com a implantação das políticas públicas específicas para atendimento dessas populações, o índio brasileiro ainda não goza dos plenos direitos de cidadania.

Daí os conflitos intermitentes gerados pelo desrespeito aos seus valores fundamentais, baseados na possibilidade de sobrevivência em terra fértil.

A negligência no reconhecimento das comunidades indígenas produziu, ao longo da história de formação da identidade nacional, o ambiente ideal para a ação de oportunistas e à proliferação de entidades estrangeiras interessadas em melhor conhecer as riquezas abrigadas na floresta tropical, camufladas sob a égide da benemerência e de falsos princípios humanitários.

As extraordinárias possibilidades oferecidas pelas regiões nativas, em especial a Amazônia, já são por demais conhecidas como significativos mananciais de matérias-primas paras as indústrias farmacêuticas e mineral.

Além de fazer valer direitos fundamentais e humanitários, o debate sobre as questões indígenas deve, obrigatoriamente, focar propostas que estabeleçam reais e efetivos canais de integração, assegurando a proteção de bens culturais e territoriais de valores inestimáveis.

A promoção de ações paternalistas ou estereotipadas tem pouca serventia. Por isso, é de se esperar que as autoridades governamentais estabeleçam diretrizes rígidas visando a comunhão dos interesses indígenas às necessidades atuais e futuras do conjunto da sociedade brasileira, sem o que ficaremos à mercê da ingerência inoportuna internacional.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

 

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