Jogo de xadrez em Brasília | Boqnews

Opiniões

06 DE AGOSTO DE 2017

Jogo de xadrez em Brasília

Por: Fernando De Maria

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A rejeição ao processo de afastamento do presidente Michel Temer, com base na denúncia de corrupção passiva encaminhada à Câmara dos Deputados pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, representa uma vitória do atual governo, mas ainda distante da confortável maioria apregoada pela base presidencial para levar adiante as reformas e ‘colocar o Brasil nos trilhos’, como assegura a situação.

A despeito do festival de liberação de verbas parlamentares e rega-bofes movidos a charutos e bebidas (pagas por quem, aliás?), Temer obteve 263 votos, menos que os 280 “no mínimo” que os calculistas de plantão do exército governista imaginavam, mas mesmo assim um volume considerável. Algo em torno de 51% do Congresso, percentual que pode crescer se computadas as 19 ausências e 2 abstenções, como o governo assegura. A oposição, por sua vez, atingiu os 227 votos, mostrando que apesar da derrota, ela não saiu tão fragilizada.

O desafio do governo Temer – salvo se novas denúncias e delações não forem colocadas no meio do caminho do presidente nas próximas semanas- é buscar forças e votos para fazer as reformas previstas, como a previdenciária, tributária e política, o que daria-lhe maior alívio e folga.

A retomada ainda que lenta da economia com os primeiros indicadores positivos sendo divulgados foi o mote central para garantir sua sustentação no cargo. Até porque a sua popularidade é rasa, chegando a parcos 5%, um feito negativo exemplar.

A votação ocorrida na última quarta no Congresso altera o tabuleiro do xadrez político. A eventual diferença de votos para fazer as propaladas reformas – são necessários 308 – encontra-se no PSDB, partido nascido do PMDB de Temer, que simplesmente ficou em cima do muro: 22 parlamentares foram a favor do presidente e 21 contrários.

Esta situação alimenta os partidos da base governista, que já estão de olho nos quatro ministérios que os tucanos dispõem. Indagam os apoiadores de plantão: por qual o razão o PSDB tem tanto poder no governo se não é um aliado de primeira hora, conforme demonstrado na votação?

Não é à toa que o próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia, logo após a divulgação do resultado, reconheceu a necessidade do governo reagrupar sua base de apoio para se fortalecer e levar adiante suas propostas.

No entanto, o desafio não será tão simples assim. As eventuais delações premiadas do doleiro Lúcio Funaro e do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, podem alterar as regras das negociações. Sem contar a pressão daqueles que apoiaram o presidente e que irão cobrar a fatura de olho nos cargos que os infiéis ocupam hoje. O jogo de xadrez está apenas começando em Brasília.

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