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Opiniões

29 DE JUNHO DE 2014

Jovens esquecidos

Por: Fernando De Maria

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Vivemos um paradoxo. O crescimento econômico das classes menos abastadas brasileiras não é suficiente para apagar uma chaga cada vez mais preocupante: o crescimento contínuo da violência.

Mesmo com a queda do desemprego e a retirada de 36 milhões de cidadãos da extrema pobreza, vivemos em uma sociedade doente e batemos o recorde mundial de 56.337 assassinatos em 2012, segundo prévia da versão 2014 do Mapa da Violência, que baseia-se nos óbitos registrados no Sistema Único de Saúde – SUS. Somos o país que mais mata em números absolutos e ficamos em 12º lugar na taxa de homicídios proporcional à população. Nada animador.

Na comparação do levantamento realizado entre 2006 e 2012 percebe-se como a rota da violência se espalhou pelo País. Na comparação, o Rio de Janeiro foi o único estado onde os homicídios diminuíram. Antes, o estado carioca liderava o ranking de mais violento (hoje, Alagoas é líder com 64,6 assassinatos por 100 mil habitantes).

Cidades do Norte e Nordeste convivem cada vez mais com a violência. Dos dez estados mais sangrentos, oito são destas regiões.

Um dos motivos alegados para a explosão de casos de homicídios estaria nos baixos índices de elucidação dos crimes: variam de 5% a 8%, uma vergonha. Nos Estados Unidos, chega-se a 65%; no Reino Unido, 90% e na França, 80%. Os investimentos (o Brasil aplica 1,3% do Produto Interno Bruto – PIB em segurança pública, algo em torno de R$ 61 bilhões) não condizem com o baixo índice. Quando a impunidade impera, abre-se espaço para as práticas hediondas.

Uma realidade é a relação do aumento da violência com o tráfico de drogas. Se apenas o Rio de Janeiro teve queda no volume de crimes neste período, obviamente que houve uma migração das ações de traficantes para outras localidades, ampliando o raio de atuação e obtenção de recursos ilícitos para a manutenção da ilegalidade. Basta seguir o rastro de sangue e morte.

Neste contexto, algumas cidades da Baixada Santista e do Litoral Norte registram índices preocupantes, que superam as médias de estados violentos. A taxa de homicídios em Caraguatatuba (50,7 crimes por 100 mil habitantes) só é menor que Alagoas, o líder em crimes.

Dos 1.663 municípios – acima de 20 mil habitantes – mais violentos, temos a seguinte classificação: Itanhaém (12ª no Estado e 481ª no País, respectivamente); Bertioga (19º e 559º); Cubatão (31º e 673º); Praia Grande (43º e 742º); Guarujá (55º e 801º), São Vicente (56º e 803º), Peruíbe (77º e 936º), Santos (140º e 1.238º) e Mongaguá (150º e 1.280º).

E quando os crimes atingem apenas os jovens, a Baixada Santista ganha destaque ainda maior. Dos 573 municípios com mais de 10 mil jovens no Brasil (e 99 no estado de São Paulo), Caraguatatuba lidera com 93,5 casos por 100 mil). Itanhaém fica em 3º no Estado e 203º no Brasil; Guarujá (14º e 290º), Cubatão (18º e 320º), Praia Grande (26º e 354º), São Vicente (35º e 380º) e Santos (75º e 482º).

Portanto, os números reforçam uma triste realidade: a Baixada Santista não tem cuidado como deveria dos seus jovens. Sinal que a sociedade está perdendo a batalha para evitar que mais vidas sejam ceifadas. Até quando?

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