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Opiniões

27 DE DEZEMBRO DE 2016

Largue seu controle

Por: Da Redação

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Abordei mais de uma vez como o universo dos games é diverso e possui vertentes que ultrapassam o limite do imaginável. Essa amplitude de gêneros, títulos, empresas, interesses e histórias que são criadas extravasou o mercado de produtos para todos os gostos. Apesar de fazer parte disso, de consumir este material tanto quanto os demais, tenho de lhe perguntar (e me perguntar) qual o resultado disso.

Videogames incentivam a criatividade. Também são ótimos para manter crianças e jovens antenados e melhorando sua percepção. O videogame também ajuda as pessoas a se relacionarem, já que os jogos online unem pessoas com gosto semelhante. Não há nada de errado em ter uma vida digital, onde pode aproveitar games e toda essa realidade que temos e é tão forte culturalmente quanto filmes e livros. Videogames, celulares, tablets e computadores têm seus benefícios, mas quando passamos a viver apenas neles?

imagem-1As crianças e adultos trocam o futebol na rua/praia para se arriscarem no campo virtual com os famosos FIFA e PES

Basta que ande algumas quadras no seu bairro, há uma ou duas décadas quantas crianças viviam ali brincando? Quem cresceu nessa atmosfera, sabe até hoje de cor e salteado as regras do futebol no meio da rua, com gol formado por chinelos. Sabem quantos quadrados tem a amarelinha, como se gira um peão e onde eram os melhores lugares para se esconder quando brincavam de esconde-esconde. Assim como se reunir com os amigos para jogarem juntos o único videogame da vizinhança, este tipo de prática foi desaparecendo com o passar do tempo.

Poderia culpar a criminalidade, que não nos permite deixar as crianças brincando e conversando na rua até a hora do dever de casa. Poderíamos culpar a educação dos pais, que preferem usar estes equipamentos eletrônicos como babás para poderem trabalhar em paz e realizar as tarefas diárias em casa sem incômodo. Poderíamos culpar o mercado tecnológico de apelar e fazer propaganda massiva de seus produtos para prender nossos filhos, sobrinhos, etc. nesse sistema. Mas o que isso justifica em nossas próprias atitudes?

imagem-2“Não se dá para pausar jogo online”

Vejo amigos compartilhando milhões de vezes quantas vezes decidem não sair de casa para ficar vendo Netflix. Pessoas que preferem jogar online do que perder 15 minutos em chegar na residência do amigo que mora próximo para se divertirem juntos. Vejo casais e famílias inteiras perdendo momentos por estar com o rosto fixado em celular ou tablet. Se identificou com algumas dessas citações? Eu também, não estou livre disso. Quando a relação pessoal e social se tornou obsoleta? Quando nos tornamos escravos da tecnologia?

Aceitam um conselho? Larguem o joystick, o celular e o tablet. Ali vocês controlam o que é postado, o que é dito, jogado, visto e lido. Mas a vida não tem controle. Nunca teve e nunca terá. Não digo isso só em natal, ano novo, festas de família ou datas comemorativas. Largue um pouco para poder sair e conversar com um amigo que sente falta. É fácil sentir saudades pelo Facebook e WhatsApp, falar que “temos de marcar um dia” e deixar o esquecimento varrer aquilo. Largue um pouco para observar e ver se o próximo (seja familiar, colega, o que for) precisa de algo. Largue um pouco para viver.

Como disse anteriormente, repito. Jogos é um ótimo material cultural, assim como filmes e livros. Mas não podemos passar a vida inteira apenas nisso. Há um universo, há pessoas para falar e conhecer, há situações que precisarão de sua presença física (e não digital, como aniversários que mandamos apenas um “parabéns, felicidades” pela rede social e não participamos da vida daquela pessoa) e onde você estará?

imagem-3Pokémon GO retirou muitas pessoas de casa, mas seu propósito de interação e união entre jogadores não segurou as pessoas por muitos meses

A vida é curta. Devemos aproveitar cada momento, cada pessoa e oportunidade. Quanto tempo perdeu hoje vendo uma rede social? Jogando videogame? Lendo livros ou vendo seriados? Compare se é tudo o que faz em seu tempo livre. Não discrimino seu uso e seus benefícios, grande parte deles fazem parte da minha vida diária e do meu crescimento como ser humano. “Fazer parte” não significa “ser”. Você não pode “ser” apenas digital. Vejo a sociedade cada vez mais entrando por esse caminho e penso…será nosso futuro?

Caso não queira aproveitar este momento de reflexão, tudo bem voltar para o seu jogo. Para sua rede social. Para a timeline cheia de coisas úteis e construtivas (ironia? Desculpem-me, caros leitores. É uma das minhas especialidades). Para o papo com pessoas que dialoga por aplicativos e há anos não vê pessoalmente (e mal se esforça para que isso ocorra, diga-se de passagem). Veja as ruas vazias. A sociedade se retendo cada vez mais a cada um em sua casa. Com o Facebook já vemos a vida alheia com facilidade, não? Com o Tinder podemos achar o “amor da vida” também. Videogames trazem a diversão. Netflix e livros trazem entretenimento. E ficaremos presos, para sempre. Culpe o que quiser. Mas cada um sabe sua atitude. Cada um sabe o quanto está mergulhado nessa crítica. Independente da desculpa, todos sabemos que há formas de sairmos disso. Não escolhermos por este trajeto cabe somente a nós a “culpa”.

Como disse, não há nada de errado em ficar um tempo com seu celular, computador, PlayStation 4, Xbox One, Nintendo 3DS, Nintendo Wii U ou o que quer que tenha. Não há absolutamente nada de errado em se divertir vendo memes, compartilhar aquele vídeo de filhotes de animais ou repassar correntes (embora este último seja altamente desaconselhável). Errado é não vivermos. Não aproveitarmos. Não deixarmos as crianças fazerem isso, prendendo-as no mesmo sistema. Virou uma engrenagem da qual não escapamos. Ou não queremos escapar? Largue o controle e veja se, de fato, você está “se controlando”.

imagem-4Novas tecnologias estão surgindo para dar mais imersão e interatividade com os dispositivos eletrônicos, enquanto a população cada vez mais mergulha nessa realidade

Como me encontrar na Xbox Live e na PSN?

Xbox Live: PlumpDIEGODS;
PSN: CorumbaDS

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