As questões ambientais mais uma vez voltaram ao centro das discussões mundiais a partir da realização da Cúpula do Clima promovida por iniciativa do presidente dos EUA, Joe Biden. Apesar das promessas para redução da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa, assumidas pelos líderes das principais potências econômicas, destacou-se a importância do bioma amazônico no esforço de recuperação do meio ambiente do planeta, a partir da sua preservação e exploração de suas riquezas de forma sustentável. Nesse contexto, os povos indígenas que vivem na Amazônia, em especial os que habitam território nacional, são extremamente importantes para o sucesso de qualquer plano que se vislumbre para a proteção e desenvolvimento equilibrado daquela região.
Mais do que assegurar o direito constitucional para as nações indígenas brasileiras, o momento é pertinente e propício para valorizar o índio como parceiro estratégico na defesa da soberania nacional em áreas que cada vez mais despertam a cobiça estrangeira. Vítimas no processo de colonização e marginalizados durante décadas pelo total desprezo aos seus valores culturais, os povos indígenas sempre foram subjugados pelo interesse na exploração das riquezas naturais e minerais contidas nas áreas por eles ocupadas, sendo invariavelmente relegados à condição secundária nas prioridades definidas pelo Estado.
Apesar do reconhecimento aos avanços obtidos no trato das questões indígenas a partir da introdução de preceitos constitucionais, notadamente com a implantação das políticas públicas específicas para essas populações, o índio brasileiro ainda não goza dos plenos direitos de cidadania. Daí os conflitos intermitentes gerados pelo desrespeito aos seus valores fundamentais, baseados na possibilidade de sobrevivência em terra fértil.
Devemos reconhecer que a negligência no reconhecimento das comunidades indígenas produziu, ao longo da história de formação da identidade nacional, o ambiente ideal para a ação de oportunistas e à proliferação de entidades estrangeiras interessadas em melhor conhecer as riquezas abrigadas na floresta tropical, camufladas sob a égide da benemerência e de falsos princípios humanitários. As extradordinárias possibilidades oferecidas pela Amazônia já são por demais conhecidas como significativos mananciais de matérias-primas para as indústrias farmacêuticas e mineral. Por essa razão, é de se esperar que as autoridades governamentais estabeleçam as diretrizes a partir da comunhão dos interesses indígenas às necessidades atuais e futuras do conjunto da sociedade brasileira, sem o que ficaremos à mercê da ingerência inoportuna internacional.