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Opiniões

19 DE OUTUBRO DE 2015

Mais atenção ao transporte

Por: Humberto Challoub

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A divulgação dos resultados de levantamento sobre transporte público realizado recentemente pelo Ibope, sob encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deu números ao que há muito já se sabe: das 2.002 pessoas ouvidas em 142 cidades brasileiras, 32% avaliaram os serviços oferecidos nesse setor como “ruim ou péssimo”, 44% como “regular”, enquanto que apenas 24% o consideraram “satisfatório”. O estudo também indicou que, diariamente, um quarto dos brasileiros (25%) vai de ônibus para o trabalho ou para a escola; 22% fazem esse percurso a pé; 19% utilizam automóvel; 10% motocicletas; 10% de ônibus ou van fretados; enquanto apenas 7% se deslocam, no dia a dia, de bicicleta.

O resultado apurado pelo levantamento traduz, a grosso modo, as consequências resultantes da adoção no País de políticas desenvolvimentistas equivocadas praticadas ao longo das últimas décadas. O dimensionamento estatístico ora dado a esse desequilíbrio justifica numericamente os fluxos migratórios ocorridos no Brasil ao longo do tempo, principalmente a partir dos estados do Norte e Nordeste em direção ao Sul e Sudeste. A busca por oportunidades de trabalho nas regiões mais ricas e produtivas resultou no êxodo rural e no surgimento dos conglomerados urbanos constituídos de forma desordenada, tornando as cidades inadequadas para abrigar grandes contingentes populacionais. Como resultado, a depreciação da qualidade de vida das populações, com a expansão dos núcleos de favelas e a destruição do meio ambiente.

Sem projetos consistentes dirigidos a promover a desconcentração produtiva e a descentralização dos gastos e investimentos públicos, o Brasil não dispõe de um planejamento capaz de assegurar a integração regional, por meio de sistemas de transportes coletivos eficientes e adequados às realidades locais. Neste sentido, além da urgente necessidade de investimentos na melhoria das condições de um setor essencial para a melhoria das condições de vida da população, cabe ao Governo colocar em prática a tão propalada política de transportes para o País, que obrigatoriamente deve incluir projetos visando a criação de sistemas urbanos mais eficientes conjugados com malhas ferroviárias de grande extensão e o melhor aproveitamento de vias pluviais, garantindo condições mais seguras e econômicas para o translado de cargas e passageiros.

Exemplos e experiências abstraídos de nações que oferecem melhores indicadores de qualidade de vida a seus habitantes denotam que os processos de desenvolvimento econômico e social decorreram associados às políticas de expansão dos sistemas de transporte, fator preponderante para integração de regiões produtivas e à desconcentração de grandes conglomerados urbanos.

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