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05 DE FEVEREIRO DE 2022

Mais obstáculos à educação

Por: Humberto Challoub

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A divulgação dos resultados da primeira etapa do Censo Escolar 2021 realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) destacou um dado extremamente preocupante: mais de 650 crianças de até 5 anos deixaram de frequentar a escola entre 2019 e 2021, resultado dos impactos e consequências geradas pela crise sanitária motivada pela pandemia de coronavirus.

Essa realidade mensurada pelo Inep representa uma dificuldade a mais para o enfrentamento de um problema crônico que afeta o País e ainda não conseguiu ser solucionado: interromper o ciclo de analfabetismo que afeta milhões de brasileiros, especialmente os mais pobres, um imenso contingente suscetível às situações de exclusão e preconceito.

Já se sabe que o Brasil ainda levará algumas décadas para reverter essa situação.

A manutenção do analfabetismo em níveis não condizentes com uma nação que se almeja próspera resulta do continuísmo da prática de políticas governamentais ineficientes, sobretudo pela adoção de campanhas de mobilização ineficazes, má qualidade do ensino público como um todo e à falta de oferta de cursos de educação em condições plausíveis para que jovens e adultos recém alfabetizados possam continuar os estudos.

Apesar de estar invariavelmente presente nas retóricas político-eleitorais e constar na relação de prioridades estabelecidas pela quase totalidade das administrações públicas, o ensino básico brasileiro há muito carece de políticas contínuas que efetivamente assegurem o acesso a todas as camadas da população, promovam a melhoria das condições estruturais e recursos pedagógicos e, principalmente, assegurem níveis salariais para manter e atrair professores de qualidade reconhecida.

Deve-se reconhecer que o reajuste do piso salarial anunciado recentemente pelo Governo Federal é uma iniciativa positiva, porém ainda insipiente diante das imensas demandas estruturais necessárias para elevar a qualidade do ensino oferecido.

O investimento em projetos dirigidos à educação fundamental denota a única estratégia capaz de garantir um futuro de crescimento econômico e social sustentável, afim de preparar as novas gerações para os desafios tecnológicos, ambientais e humanitários definidos para o futuro.

É preciso um maior envolvimento da sociedade civil visando o aprimoramento das bases educacionais para a ampliação da qualidade do ensino oferecido. Apenas a cobrança da responsabilidade que cabe ao estado tem se revelado insuficiente para resolver um problema que, afinal, interessa a todos os brasileiros, sem distinção.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

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