Mate-me Por Favor | Boqnews

Opiniões

22 DE SETEMBRO DE 2016

Mate-me Por Favor

Por: Da Redação

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

bannerEncarar os olhos de um personagem pode ser perturbador, enxergar além daquela alma, suas verdades e seus segredos é algo que gela os ossos. A diretora Anita Rocha da Silveira faz isso em Mate-me Por Favor, vai em busca do que está por trás dos olhos daquelas pessoas, e o que encontra é uma realidade perturbadora.

O filme acompanha um grupo de quatro garotas em meio a uma série de assassinatos que abalam a calmaria da Barra da Tijuca, até que elas encontram uma das vítimas e vêm suas vidas ganharem um novo significado. Uma busca por entender quem elas próprias são.

Na ponta desse grupo está Bia, que vê esse “encontro com a morte” lhe fazer colocar em dúvida a própria vida, a própria lucidez e até onde pode ir para encontrar essas respostas. Ao seu redor, o que ela acaba encontrando e descobrindo e uma espécie de estupidez coletiva que empurra todos para o mesmo buraco. Uma realidade dolorosa que descobre a verdade: Todos estão perdidos.

Alguns não encontram seu caminho e são ludibriados pela fé artificial, outros ainda ligados aos amores do passado, mas a maioria deles somente em busca da necessidade de se sentirem parte de um grupo, nem que isso queira dizer ver o próximo se ferir. Mas todos, apenas desesperados para serem ouvidos, seja na fila da cantina, seja entre olhares que a diretora faz questão de ir em busca.

mate-me-por-favor-destaque-1024x625Rocha então procura esse incomodo, ainda que comece como uma daquelas clássicas produções do gênero onde o assassino é representado pela câmera subjetiva. E ele não ter uma face mostra exatamente que não só todos poderiam ser um assassino, como todos são. Assim como todos são vítimas em uma escolha tão aleatório como a do jogo em que os personagens participam em certo momento.

Mate-me Por Favor mostra então que não existe escapatória, seja do maníaco que pode ser seu vizinho (ou até alguém mais próximo), seja do pânico e da comoção que ele cria. E sentir isso é pior do que qualquer morte. E sair dessa fase da vida (adolescência) sem cicatrizes é igualmente impossível, se não físicas e expostas, com certeza pelo lado de dentro.

Um retrato poderoso e visceral de uma geração perdida em um pressão que lhes fazem caminhar com o peso do futuro nas costas. Uma geração que prefere morrer, esperando o assassino acabar com as dores e as incertezas. E olhar para esses personagens e enxergar tudo isso é mais perturbador do que olhar nos olhos de qualquer serial killer.

Críticas desse e de outros filmes você pode encontrar no CinemAqui 

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.