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22 DE MAIO DE 2018

Melhorias sem credibilidade

Por: Humberto Challoub

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Descontado o tom ufanista com o qual foi apresentado, o balanço dos dois anos do governo do presidente Michel Temer, apresentado nesta semana com pompa e circunstância em cerimônia no Palácio do Planalto, há de se reconhecer que o País recuperou, mesmo que modestamente, a estabilidade econômica e conseguiu reverter a tendência de queda do Produto Interno Bruto (PIB) que vinha sendo acentuada com a diminuição da produção industrial.

O documento destaca a queda da inflação, de 9,39% em março de 2016 para 2,68% em março de 2018; a redução da taxa básica de juros da economia (Selic); o reajuste do programa Bolsa Família, que teve dois reajustes, o primeiro de 12,5%, em junho de 2016, e o segundo, de 5,6%, que entrará em vigor em junho; a geração de empregos e a agenda de reformas, a trabalhista e do Ensino Médio. Apesar do quadro de indicadores favoráveis, torna-se prudente, nesse momento, conter os arroubos de ufanismo, uma vez que as conquistas desejáveis para o País demandarão a transposição de obstáculos relevantes e a adoção de medidas imprescindíveis para conduzir a Nação ao patamar de desenvolvimento almejado.

Da mesma forma, os resultados positivos apresentados não serão suficientes para atender aos objetivos do presidente, de reduzir os elevados índices de rejeição atribuídos ao seu Governo. Assim como boa parcela dos políticos, Temer tem a imagem associada a casos de corrupção envolvendo amigos e principais colaboradores e, por isso, dificilmente conseguirá reverter essa tendência visando uma possível reeleição. O sentimento de desconfiança que hoje recai sobre a atividade política foi motivado pelo ambiente de impunidade que durante décadas propiciou terreno fértil para a prática contínua de atos ilícitos contra o erário público.

Mesmo que ressaltando a importante contribuição da imprensa, por meio da fiscalização e denúncia de inúmeros casos de negociatas, favorecimentos ilegais e uso indevido do poder constituído, a imagem negativa atribuída aos políticos foi construída pela cultura da corrupção e se sustentou sobre a ideia de representar uma mera consequência da pobreza e desinformação da população.

Mais do que exaltar resultados obtidos na economia, o País necessita de práticas inteligentes para não reproduzir e manter o modelo perverso de distribuição de renda cujas consequências danosas já são por demais conhecidas, uma missão que deve ser atribuída a um futuro governo que possua credibilidade e seja legitimado pelo voto da maioria dos eleitores que comparecerão às urnas em outubro próximo.

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