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14 DE OUTUBRO DE 2011

Mentirosa e fofoqueira

Por: admin

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Numa tarde de preguiça, sem nada para fazer e com tudo para ser feito, gastei horas ou ganhei — ainda não sei bem, por enquanto fico com a perda, assistindo a televisão durante a tarde. Os filmes que passavam, naquele dia ,não me entusiasmaram. Me rendi ao “non sense “de assistir aos programas vespertinos, que de conteúdo não tinham nada, mas de fofocas… Era uma sucessão sem fim… Fiquei imaginando quantas pessoas estavam assistindo e alimentando essa indústria, a indústria da fofoca. E por quê?


Resolvi refletir um pouco a respeito e dividir isso com vocês. Não que seja relevante o tema, a fofoca em si, mas o papel ou o significado que isso possa ter em nossa vida, psíquica, social e familiar. O tema apesar de quase vulgar não é tão irrelevante assim, pois já há alguns anos, o conhecido psiquiatra José Angelo Gaiarsa, dono de opiniões polêmicas, lançou um livro, de grande repercussão na época chamado Tratado Geral da Fofoca, que eu ainda recomendo pela sua atualidade. Nesse livro ele diz que apenas 20% das informações trocadas entre as pessoas são efetivamente úteis e que a fofoca está diretamente ligada as insatisfações que as pessoas têm em relação as suas vidas e que nos envolvem sempre, nem que não queiramos como vítimas,ou como agentes. Apesar de que na maioria das vezes nos sentimos vítimas e raramente ou nunca como agentes.


Nesse sentido podemos entender o grande sucesso que os programas vespertinos, exclusivamente de fofocas, potins ou bisbilhotice, não importa o nome que tenham, fazerem tanto sucesso e ocuparem lugar de destaque na mídia. Com a curiosidade aguçada, li a respeito algo interessante: a diferença entre fofoca e boato. Apesar das duas formas de comunicação terem uma conotação desagradável, basicamente a fofoca se baseia em fatos, comentados com uma intenção. O boato é invenção pura. A fofoca de certa maneira mantém uma ordem social, pois ela expressa pensamentos, críticas ou julgamentos e o boato desestrutura e destroem.


Uma coisa é certa: apesar de também fazerem fofocas, as pessoas felizes tendem a fofocar sobre aspectos positivos, e as pessoas infelizes sobre os aspectos negativos de qualquer situação. As mais felizes comentam e dissipam noticias boas de seus amigos e as menos felizes têm um prazer maior em contar e difundir as desgraças e os erros de seus inimigos. O grande orgasmo do fofoqueiro acontece quando observa a discórdia ou a desestrutura provocada. Para suprir uma carência, afetiva ou social, a fofoca pode ser utilizada para criar laços de confiança através segredos, criticas ou comentários reforçando o grupo. Mas também tem um papel construtivo,quando é feita para alertar sinceramente sobre um risco ou uma situação,quando a informação verídica é passada para assegurar que o conhecimento do fato auxilie as pessoas.


E quanto a mídia, que foi o que deu o start para essa reflexão, sabemos que na ‘”sociedade do espetáculo” em que vivemos, isso é o que alimenta o show business. Mas de qualquer forma, são notícias curtas e de passagem meteórica, que não ultrapassam os 15 minutos de fama, alimento para os menos favorecidos de projetos de vida. O objetivo dessa mensagem também é que ao deparamos com a noticias façamos como o filósofo: Essa noticia vai me auxiliar em algo? Tem certeza de que é verdade? Ficarei mais feliz ao ouvi-la?


Mas, desculpem, mas vou encerrar esse artigo fazendo uma fofoca. Sou mentirosa!Adoro contar algo que surpreenda para pessoas que eu sei que costumam passar a mensagem para frente. A última foi comentar com uma pessoa que  sabe tudo, já viajou “pelo mundo “que eu estava indo de férias para o Afeganistão”, realizar o desejo de morar numa gruta por uns tempos. Acho que ela acreditou pois já contou para outro alguém.

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