Nesta quarta-feira (15), às 18h30, no Teatro Municipal Braz Cubas, a Fundação Pró-Esportes de Santos (Fupes) promove a 6ª Edição do Prêmio Melhores do Ano, reconhecendo atletas de 79 modalidades esportivas que representaram Santos pelo Mundo.
Um evento importante onde o Prefeito Rogério Santos e o Presidente da Fupes, Frederico Monteiro, e toda municipalidade vão reconhecer o mérito dos exemplos de cada modalidade da Cidade.
Penso que todos os munícipes deveriam prestigiar um evento deste tamanho, principalmente a imprensa local, não apenas pelos excelentes resultados de 2024, mas por reconhecer que o esporte transforma nossa sociedade.
Mas, na edição deste ano haverá uma homenagem a um dirigente esportivo ímpar que, com sua perspiscácia marcou época na Cidade e sua ausência é lamentada até hoje por aqueles atletas que tiveram o prazer de convier com ele.
Em 24 de julho de 1934, nascia em Santos um grande esportista, que marcou o esporte santista mais fora do que dentro das quadras: Miguel Pires.
Importante lembrar que nos primeiros anos de vida de Pires, entre os anos 30 e 60, Santos era reconhecida a Cidade mais esportiva do País.
Afinal, Santos venceu dezenas de Jogos Abertos do Interior sucessivamente, tinha o maior time de futebol do mundo, o melhor de vôlei sul-americano, atletismo, natação, tudo com muitas conquistas. Santos era um dos corações do esporte brasileiro.
E esse espírito do esporte contagiou o jovem Miguel.
Fisicamente limitado por sua baixa estatura, Pires nunca deixou que esses limites físicos pararem sua vontade de vencer no esporte.
Dedicou-se e tornou-se um competente atleta de voleibol amador do Santos FC, das equipes do saudoso técnico Roberto Douglas Machado. Porém, não chegou as equipes de cima e estudou e prosperou como um grande comerciante da Cidade.
Em 1969, Veio a perda da autonomia da Cidade e com ela a desestruturação esportiva de Santos.
Perdemos o título de Cidade mais esportiva do país, assistimos aposentadoria do Pelé, e o fim de vários clubes esportivos.
Neste período, Miguel Pires, Junto aos amigos Zacharias Cury e Antonio Curi, fundou a Barão Automóveis que marcou época na Rua do Comércio no Centro funcionando por décadas e sendo referência na compra e venda de veículos e ponto de encontro da política local e dos encontros pela retomada da autonomia política de Santos.
E, logo na gestão do primeiro prefeito eleito de Santos após esse período de perda de direitos políticos, o pequeno gigante do Esporte recebeu uma convocação.
Na Barão Automóveis, reuniu-se o então Prefeito Oswaldo Justo, o primeiro Secretário de Esportes de Santos, Paulo Silvares.
Diante do abandono do esporte santista, de base e de alto rendimento, Justo e Silvares foram atrás de Miguel Pires para que ele fizesse parte do time que tinha uma meta ousada: abrigar e vencer os Jogos Abertos do Interior de 1987.
Afinal, haviam 18 anos que Santos estava sem vencer a competição. E quem melhor para essa missão que Miguel Pires, o “baixinho” que abria portas com todas as atividades econômicas da Cidade, com os clubes e que com certeza teria o ímpeto necessário para realizar tão feito.
Assim, Silvares e Pires, junto com outros dirigentes que já tinham a noção da profissionalização do esporte como o saudoso Antonio Jorge Nóbrega, criaram as estruturas necessárias nos clubes e remontaram times profissionais com apoios de empresas locais, do porto, muitas delas incentivadas por Pires a investir no Esporte.
Assim, por exemplo tivemos times fortes de voleibol feminino e futebol de salão.
E como missão dada era missão cumprida para Miguel, Santos abrigou e venceu os Jogos Abertos de 1987 e a Cidade foi mostrada para todo o Brasil, pela TV Cultura, em um grande trabalho que contou com a contribuição ímpar do responsável pela Comunicação da Prefeitura de Santos à época, o jornalista Francisco La Scala Júnior.
Os Jogos Abertos de 1987 foram um verdadeiro marco no esporte da Cidade.
Os santistas e o Brasil viram o espetacular Bernard dar seu saque Jornada nas Estrelas no Ginásio do Resgatas Santista.
Ver Paula e Hortência começando sua rivalidade nas quadras de basquete. A geração de Oscar e Marcel enchendo de cestas do três nos clubes da Cidade uma prévia do que viriam a fazer em Indianópolis, nos Estados Unidos, conquistando o Pan-Americano sobre os EUA de David Robison naquele mesmo ano.
Eram tantas estrelas do esporte nacional que a Cidade parou e voltou a respirar esporte.
Os ginásios lotavam, o povo santista participava ativamente de tudo. Miguel Pires cuidou para que todas as cidades disputassem os jogos com os principais nomes do esporte nacional, ajustando calendários com as principais confederações esportivas do país.
Vencer os Jogos Abertos após 18 anos foi devolver ao Santista o orgulho de viver na Cidade mais Esportiva do país. Graças a esta retomada do Esporte Santista em 1987, ao qual Pires foi essencial, hoje Santos voltou a respirar esporte e assim o faz até hoje.
Mas a contribuição de Miguel Pires para o desporto de Santos e do Brasil não acabou neste momento.
Fã de Tênis, modalidade que jogava por lazer, organizou o primeiro campeonato de veteranos da modalidade no Brasil em Santos em 1988.
Aproximou-se da direção da Confederação Brasileira de Tênis e da Federação Paulista, ocupando diversos cargos nas duas entidades. Em 1991, foi Presidente do Comitê Organizador do Banana Bowl de Tenis, quando trouxe pela primeira vez a competição para o Tenis Clube de Santos, onde era Diretor de Esportes.
O Banana Bowl é um torneio de tênis da categoria juvenil, organizado pela Confederação Sul-Americana de Tênis (COSAT) e pela ITF. A competição é considerada uma das mais importantes para a categoria 14 e 16 anos.
Fazia anos que Santos não abrigava a competição. Nos anos 60, foi no Tenis Clube que começou a rivalidade entre os lendários John McEnroe e Ivan Lendll. Naquela época, em 1991, nas quadras do Tenis, Gustavo Kurtten começava sua carreira defendendo o país. Em 1995, Pires trouxe mais uma vez o Banana Bowl ao Tênis Clube de Santos.
Se elegeu presidente do Tênis Clube de Santos para o biênio 1995 e 1996. Além de aquecer a piscina do clube, ainda trouxe uma etapa da Copa Davis de 1996 para as quadras do clube quando Fernando Meligeni e Gustavo Kuertten, ainda em início de suas gloriosas carreiras, venceram a Venezuela e se classificaram para avançar no torneio daquele ano.
Tudo isso graças a sua habilidade de abrir e vencer barreiras seja na Federação Paulista como na Confederação Brasileira de Tenis.
Em 1997, Pires fecha a Barão Automóveis e aceita um desafio do então prefeito Beto Mansur.
Precisando de um conciliador para construir sua relação com os Vereadores, Mansur chamou Miguel Pires para chefiar o recém criado Departamento de Assuntos Legislativos. E ele fez com maestria.
Mas, o prefeito desportista Beto Mansur queria mais e trouxe novamente os Jogos Abertos do Interior para Santos em 2000 e colocou Miguel Pires para chefiar a organização dos Jogos e ainda presidir a Fundação Pró-Esportes, entidade que Mansur fundou na Cidade para promover o esporte de alto rendimento. Infelizmente, por poucos pontos, Santos acabou na segunda colocação naquela edição.
Mansur não se fez por satisfeito, chamou Pires e novamente trouxe os Abertos para Santos em 2003 e desta vez, o título retornou a Cidade após 15 anos da vitória de 1987.
Porém, a competição não tinha mais o glamour do passado. Em 2004, passou a ser responsável pelos equipamentos esportivos da Cidade.
De 2005 a 2006, atuou no Gabinete do prefeito João Paulo Papa, mas faleceu em 26 de agosto de 2006, deixando sua amada Neide Lopes Vieira Pires, que hoje com 84 anos ainda joga tenis duas vezes por semana, e seus filhos médicos Miguel Pires Júnior e Márcio Pires.
Miguel Pires é um grande nome do esporte santista.
Não por medalhas ou vitórias conquistadas, mas pela dedicação, sucesso e suor em prol do engrandecimento da Cidade e de seu esporte que vivemos até hoje.
Parabéns ao Prefeito Rogério Santos e ao Presidente da Fupes, Frederico Monteiro por esta homenagem que, pela estatura da obra de Miguel, é pequena, mas necessária para que seu exemplo contagie aqueles que hoje ocupam cargos diretivos no esporte de Santos e podem transformar vidas pelo exemplo do esporte e irem retomar o título de Cidade mais Esportiva do país.
Aldo Neto é jornalista e diretor da empresa Compartilhar Comunicação
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