Modal equivocado | Boqnews

Opiniões

11 DE JUNHO DE 2018

Modal equivocado

Por: Humberto Challoub

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

A greve dos caminhoneiros que parou o País nos últimos dias – cujas consequências ainda irão reverberar por muito tempo na sociedade brasileira, além dos impactos econômicos que serão sentidos com o inevitável aumento da inflação nas próximas semanas – revela o equívoco a qual foi construída a malha viária brasileira ao longo de décadas.

Estudo lançado no ano passado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) revela o quanto o País é dependente do modal rodoviário. Pelo levantamento, são 1.563 mil quilômetros de rodovias espalhadas pelo País.

No entanto, 86,5% deste montante é formado por rodovias não pavimentadas. Na prática, os 13,5% restantes equivalem a 210 mil quilômetros, sendo que o Estado de São Paulo é responsável por 15% deste total.

Ou seja, de cada 100 quilômetros existentes no País, apenas em cerca de 14 os motoristas trafegam em pistas com relativa qualidade (o fato de ser asfaltada não representa, porém, que ela tem condições plenas de tráfego).

Mesmo com toda a extensão de rodovias, a imensa maioria das estradas tem qualidade discutível, com desníveis e buracos, prejudicando o transporte de caminhões e, é claro, elevando o custo dos fretes.Consequentemente, dos produtos transportados. A sociedade, é claro, paga a conta.

O estudo também mostra que existem no País 374 mil caminhoneiros autônomos, 274 cooperativas e 111.743 transportadoras, um número considerável.
Não é à toa que o Governo Federal identificou a participação de empresas na paralisação, configurando-se como locaute, ou seja, paralisação de atividades por parte do empregador.

Para efeito de comparação, o modal ferroviário – formado por 30.576 quilômetros de extensão – representa apenas 2% do total da malha rodoviária, independente se forem vias pavimentadas ou não.

Esta distância abissal impressiona com o interesse das autoridades ao longo das décadas em valorizar o modal rodoviário – sem esquecer o potente lobby de empresas do segmento – em detrimento aos outros modais, incluindo também o hidroviário, de grande potencialidade, mas ainda esquecido no País.

Infelizmente, os sucessivos governos de todas as matizes ideológicas abandonaram modais alternativos. Até hoje a tão propalada Ferrovia Norte-Sul ou o próprio ferroanel paulista não foram concluídos, aumentando a dependência do modal tradicional.

Esta discussão, portanto, deve ser pauta obrigatória dos pré-candidatos à Presidência da República. É o que a população espera.

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.