Moral do banco dos réus | Boqnews
Foto: Divulgação Lula é condenado por Moro

Opiniões

23 DE JANEIRO DE 2018

Moral do banco dos réus

Por: Humberto Challoub

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Ex-presidente Lula

Muito mais do que o cumprimento de uma etapa do ordenamento jurídico, o julgamento em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no chamado processo do triplex em Guarujá, da Operação Lava Jato, que ocorrerá na quarta-feira (24), mobilizará as atenções em todo o Brasil, uma vez que seu resultado implicará diretamente no quadro da disputa sucessória nas eleições de 2018.

Se confirmada sua condenação, Lula se tornará inelegível e põe fim a qualquer possibilidade de recuperação de sua imagem e de sua legenda; se absolvido em segunda instância, cria as condições necessárias para unir em torno de si as correntes petistas debilitadas pelo descrédito político gerado pelos inúmeros episódios de corrupção protagonizados por suas principais lideranças.

Da mesma forma, o julgamento coloca em foco a discussão sobre os princípios éticos e de conduta que devem guiar as ações dos agentes políticos brasileiros.

É justo que se reconheça que o ex-presidente não está só na lista de políticos que, ao longo de suas trajetórias, cometeram atos de improbidade e alimentaram sistemas de corrupção, desvirtuando metas programáticas e negando os vieses ideológicos que os conduziram ao poder.

Nesse sentido, a decisão dos magistrados reveste-se de um significado maior, porque envolve valores morais dimensionados à medida da impunidade.

Ao longo da história, não foram poucos os políticos que sustentaram – e sustentam – a permanência na vida pública por meio da adoção de medidas assistencialistas, extremamente eficazes em um cenário de pobreza extrema.

E é aí que talvez resida a maior contradição e também o maior desafio da jovem democracia brasileira: se a todos indistintamente é permitido participar do processo eleitoral, torna-se imprescindível reduzir os espaços legitimados pelo voto popular aos arautos de soluções milagreiras, aos quadrilheiros especializados na cultura da corrupção e aos propagadores de falsas ideologias.

Perspectiva

Diante do atual cenário, cabe aos cidadãos inibir a existência de maus políticos, adotando uma postura mais participativa nas decisões dos governantes e legisladores por meio do engajamento nas entidades de classe, conselhos de moradores e organismos civis de representação.

Exigir a fiel execução dos planos administrativos, cobrar transparência no uso dos recursos públicos e, sobretudo, fiscalizar os atos e ações dos mandatários eleitos representam, juntamente com o exercício do voto, a única fórmula realmente capaz de moralizar o atual regime político.

Apesar das imperfeições – e o conceito pejorativo que forja a imagem da prática eleitoral -, ainda é o exercício do voto livre e democrático o principal instrumento de transformação de uma sociedade que busca justiça social e prosperidade.

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